Resenha de Tinta: Lexus

Livro cedido pelo autor para resenha.
Edição: 1
Editora: Arwen
ISBN: 9788568255216
Ano: 2015
Páginas: 156
Sinopse: Na cidade de Campos Elíseos, onde todas as condições de vida eram ideais, houve uma catástrofe de proporções inimagináveis. Tomados pelo terror, a verdadeira face da humanidade se revela — fria e cruel.
Bianca, uma adolescente comum, jamais imaginaria que faria parte da história. Jamais iria supor que ela seria a esperança para a cura da raça humana. Numa aventura cheia de perdas e de descobertas, só existe um objetivo: sobreviver.



Campos Elíseos, tal qual o nome sugere, é uma cidade piloto, situada no Brasil, que vive em função dos Laboratórios Lexus, uma grande indústria farmaco-química onde grande parte da sua população trabalha.
É lá que vive a família Oliveira formada por Bianca, seu irmão Lucas e seus pais, que como os outros, também trabalham para a Lexus.
" Bem segundo a mitologia grega, os Campos Elíseos representavam o lugar de destino dos bem aventurados. Era onde os heróis encontravam o descanso eterno. Em outras palavras, era o paraíso. Assim, acredito que nossa cidade tenha sido batizada com este nome por ser um lugar mais desenvolvido em comparação com as cidades vizinhas.
Talvez, para os idealizadores da cidade, ela fosse como um paraíso na Terra."
Bianca, a protagonista, tem 16 anos e leva uma vida confortável, dividida entre a escola os amigos e família. 
Até o dia em que tudo muda.

Em um ataque terrorista, a torre da Lexus é atingida e um vírus capaz de causar uma mudança comportamental e física atinge a cidade, se espalhando entre seus moradores que passam a atacar uns aos outros, transformando a cidade em uma verdadeira locação de filme de terror.

Do Paraíso ao Caos, será que Bia conseguirá lutar por sua vida e daqueles que ama? Será capaz de sobreviver?
Quando o Paulo Henrique me convidou para resenhar seu livro, confesso que fiquei um pouco receosa. Afinal, a temática está longe do meu estilo de leitura, porém também foi por esse motivo que resolvi aceitar. Acho que de vez em quando é necessário sairmos um pouco da nossa zona de conforto.

Então, a primeira coisa que tenho a falar sobre Lexus é: Sim, ele me fez sair da minha "caixinha". E isso se deu por vários motivos, a começar pela protagonista.

A história de Lexus é um misto de distopia, terror, suspense e nesses enredos sempre estamos acostumados a encontrar adolescentes no estilo "girl power", guerreiras, decididas. Bia não é nada disso. Ela é uma adolescente típica, comum. E quando digo isso, quero dizer que ela tem todos os defeitos de todo adolescente, ou seja ela é mimada, birrenta, chata, mau - humorada e acha que tem o "rei na barriga" e me desculpe se você não foi/ é assim, mas esse é o retrato fidedigno da maior parte dos adolescentes. Esse retrato da Bia adolescente "normal" foi tão bem feito, que a princípio eu tive a impressão de a narração em terceira pessoa tinha uma escrita de diálogo um tanto "imatura" depois percebi que isso foi proposital. Ela descreve com perfeição as atitudes e comportamento "non sense" dessa faixa etária.

Seguindo pela história, o fato de ser um vírus o que causa a mutação também foi uma bela escolha.Traz um quê de plausível para a história sem cair de todo no reino da fantasia. O uso da arma biológica nos remete a teorias que já ouvimos antes. Aliás, só fazendo um adendo, essa semana li uma matéria sobre um novo composto químico, uma droga, que poderia causar exatamente essa mutação. Estaria o autor de certo modo, prevendo o futuro? Espero que não.

Porém, é a partir, da mudança de cenário, que a história se torna densa. As cenas de fuga e enfrentamento com os os infectados e as tentativas de sobrevivência de Bia e sua trupe (seu irmão Lucas, sua cunhada e outros personagens), são recheadas de ação e bem detalhadas, chegando algumas vezes a me dar asco. Tive que parar a leitura em certos momentos e dar um respirada para então prosseguir. Nessa fase, os aspectos psicológicos dos personagens e suas escolhas também foram bem consistentes.

Quando então chegamos no ápice da história e descobrimos realmente o que aconteceu, P.H. nos mostra novamente sua criatividade e constrói uma crítica social e política (que já vinha sendo pincelada aos poucos na história) que apesar de parecer "Teoria da Conspiração" se mostra na atualidade, cada vez mais possível. Sendo assim, apesar de ficção,(ainda bem), a trama de Lexus, em um futuro que eu espero seja muito distante, pode se tornar real.

Porém, apesar de todos esses aspectos positivos, Lexus tem alguns detalhes que poderiam ser melhorados, sendo o principal, o tamanho do livro. O livro todo tem em torno de 160 páginas, e eu não sei se esse foi uma decisão editorial ou do autor mas as mudanças de cena passam rápido demais e ás vezes, é necessário voltar alguns parágrafos na leitura para se situar no cenário descrito pelo autor. Essa "falta de páginas"  também não deixa espaço para que a história e a psiquê dos personagens coadjuvantes seja explorada. A não ser Bia, os outros personagens entram e saem da trama com muita rapidez e você acaba não tendo muitas informações sobre eles. Talvez por isso também, o final seja tão abrupto. Quando você pensa: E agora? O livro termina e te deixa frustrado. Quando eu li, não olhei antes o número de páginas e fiquei procurando a continuação, achei que o arquivo estava com erro, depois é que fui perceber a quantidade,rs.

Sobre o geral do livro, apesar de não ter essa informação, me parece que Lexus é a introdução a uma grande saga sobre uma adolescente comum que deverá combater sozinha o apocalipse. Torço por isso, porque por enquanto, Lexus é bom, mas tem potencial para ser muito melhor.



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