[Resenha de Tinta] A Dama de Papel




Desafio Históricos & Eu
Ler um livro Histórico nacional

Autora:Catarina Muniz
Edição: 1
Editora: Universo dos Livros
ISBN: 9788579309151
Ano: 2015
Páginas: 256
Nota :5/5 e mais favorito.
Sinopse: Localizado na zona periférica de Londres em meados do século XIX, o bordel de Molly está sempre repleto de fregueses: ricos e pobres, magnatas e operários. O que nenhum deles sabe - nem mesmo as outras trabalhadoras do estabelecimento - é que a dona do prostíbulo optara por ser "mulher da vida fácil" após fugir de um casamento forçado, abrigando-se nas entranhas de um cortiço na busca indelével por liberdade.
Certa vez, no entanto, Molly é inebriada pelas propostas de um cliente: Charles O'Connor, o herdeiro de um império têxtil, deseja que ela seja somente sua. Molly, arrebatada pelas sensações provocadas pelo novo amante, se vê obrigada a questionar o modo de vida que conduzira com orgulho até então, além de testar os limites da liberdade obtida a duras penas.
Entregues à avassaladora paixão e à incrível química sexual que os unem, Molly e Charles precisarão enfrentar as represálias que os unem, Molly e Charles precisarão enfrentar as represálias sociais e a moral conservadora da época para dar continuidade a este amor proibido. Mas terão de pagar um preço alto por suas decisões.

Olá Pessoal,
Hoje trago a primeira resenha do Desafio Histórico & Eu do  Atitude Literária.
Estou um pouco atrasada, mas tá valendo...
Então, rapidamente, vamos para a resenha?
#Resenha:
Pensei muito em como começar a resenha desse livro. São tantas coisas que preciso falar que fiquei um pouco ansiosa e já reescrevi esse texto três vezes, mas agora vai...peço desculpas se ela ficar um pouco desfocado, é a emoção.
Como esse era o livro que eu deveria encaixar em um desafio, eu tinha o escolhido para o tema ler um livro que se passe no século XIX, mas depois de lê-lo eu resolvi trocar para o tema um livro Histórico Nacional, porque, poucas vezes ,eu tenho a certeza, terei a oportunidade de ler um livro de época tão bem construído. E como eu sei, que infelizmente o preconceito com obras nacionais, ainda é grande, o escolhi como exemplo  do potencial de nossos autores.
Mas, antes de falar um pouca da história em si, eu vou " desindicar" o livro. Sim, eu não indico esse livro para alguns leitores, principalmente se:
- Você é fã somente de romances de época onde a figura principal é a nobreza, os passeios no Hyde Park e os salões de baile.
- Você é leitor fã dos libertinos que se redimem à paixão.
- Se você é leitor somente de romances com finais felizes, onde o amor prevalece no fim.
- Se você acha que livros servem para distrair e que de triste basta a vida.
- Se você acha que livros são apenas instrumentos de diversão e que suas palavras não devem ser objeto de reflexão.
Dito isso, vamos conhecer a história:
A nossa protagonista e heroína(?) é Molly, a prostituta.
Molly é diferente do que se poderia pensar em termos de protagonista desse tipo de história, não é filha bastarda, não é uma mocinha arruinada por um cafajeste, não é alguém que perdeu os pais e teve que depender de parentes.
Ela é apenas Melinda, tipíca moça de uma família burguesa, instruída nas artes das damas vitorianas e claro, obrigada a um casamento por conveniência.
Artes que ela não quer aprender e um casamento que não quer ter.
Molly não suportava ser restrita aos penteados de cabelo preso, aos babados dos vestidos,a etiqueta, a apertar o espartilho, ler romances, aulas de pintura e de piano.
Ela queria ser livre e quando aos 20 anos se vê obrigada a casar com o velho Albie, um rico industrial do ramo ferroviário, ela foge de casa e dá adeus a vida que suas irmãs invejam, a de senhora que seria pertencente a alta classe burguesa, e caí no mundo, nas sujas ruas inglesas, onde é amparada por uma senhora, que em troca da acolhida, quer explorar seu corpo.
Foi díficil. Molly apanhou, sofreu, mas Lola a ensinou todas as técnicas que a fariam se tornar uma das mais lendárias prostitutas da zona baixa de Londres.
O outro lado de Londres, a periferia suja, onde o esgoto corre a céu aberto, onde a sujeira e os pobres se acumulam nas ruas, onde a miséria faz seu reinado.
Depois da morte de Lola, Molly se torna cafetã e começa a passar seus ensinamentos a suas novas "pupilas" e aos poucos vai alcançando sucesso. Primeiro entre a classe mais baixa, depois a alta burguesia.
Até que chega em Charles.
Charles é um filho de um rico industrial do ramo de tecelagem, casado com Katherine, mas que como quase todos os homens da época (e porque não da atualidade?) não deixa de desfrutar dos prazeres proporcionados por outra mulher, mesmo que tenha que pagar por isso.
Charles chega ao prostíbulo de Molly, por ouvir falar da fama da prostituta e dos seus feitos incríveis e dá de cara com aquela figura selvagem, de cabelos desgrenhados, que o proporciona o maior prazer de sua vida.
Louco de desejo, não demora a voltar e voltar ao próstíbulo e como fica encantado com aquela figura mítica, acaba negligenciando a esposa, em troca de momentos fulgazes.
Katherine é a tipica dama da sociedade. Criada para não sentir, não desejar, não se expandir.Embora tenha um desejo extremamente forte por seu marido, sua educação jamais a permitiria demostrar a felicidade no leito conjugal, afinal damas de fino trato não podem se permitir esse desfrute.
Com a frieza de Katherine, Charles vai ficando cada vez mais encantado com a vivacidade de Molly, e acaba se apaixonando por ela. 
Molly por sua vez, por ser tão bem tratada, coisa que sua vida de prostituta não permitia, acaba nutrindo sentimentos por Charles.
Mas é claro que tudo na vida tem seu preço, seja a liberdade, seja o amor, seja seus desejos e o amor de Charlie e Molly é ameaçado de todas as formas possíveis e só cabe a eles escolher o seu destino.
" Sim, Sophie. Abdiquei da riqueza para viver essa vida. Abdiquei das aulas de piano, dos círculos de leitura, viagens, adornos ...por isso! Para ser pobre, para ter os seres mais imundos sobre mim!Mas quer ouvir a verdade?Não me arrependo nem um minuto. Pois da imundicies dos homens posso me lavar! E tomar em minhas mãos um dinheiro que me pertence. É pouco, mas me pertence! E eu mesma decido o que fazer ou não com ele."
Eu comprei esse livro pela capa e sinopse na Bienal do Livro RJ (junto com vários outros da Universos do Livro, o stand deles me faliu!) mas eu não esperava encontrar nas suas páginas, a história que encontrei.
Como eu disse lá no ínicio, nosso cenário, é o lado pobre de Londres, não o baile do Almack's, ou os salões de jogos masculinos.
Em plena Revolução Industrial, muito bem ambientada e bem descrita, com certeza fruto de uma pesquisa intensa que  narra  o declínio do algodão,  a luta operária e o cenário onde inclusive crianças são exploradas, a autora estrutura a história de uma mulher que abdicou de tudo pela liberdade, pelo "direito" de fazer da vida, o que quiser, a se submeter apenas a quem ou que quisesse.
E que apesar de pagar um alto preço por isso, não pensou que poderia se apaixonar, e  talvez desejar abrir mão dessa liberdade por um homem.
Um homem ainda agarrado as convenções, ao escrutíneo do pai, a família perfeita, mas que encontra nessa mulher, um refúgio, mesmo que ainda o falte coragem.
E uma outra mulher, a esposa, o modelo de virtude e descência, que no intimo não é tão diferente da primeira, apenas segue o rígido padrão de comportamento imposto pela sociedade.
Três vidas que mudarão completamente pelo amor.
Eu deixei restringir esse livro aos "machistas", mas o fim intencionalmente, porque esse livro é sobretudo sobre empoderamento feminino.
Eu me conectei imediatamente a Molly e ao seu desejo de liberdade, e em momento nenhum a julguei, quem sou eu para julgar a escolha da vida das pessoas, o sonho de liberdade feminino?
Também não julguei Charles, não no caso de seu adultério. Ele é um homem convencional, machista, com todos da época e que no fundo gostaria de ter a liberdade que aquela mulher tem.
E como não se compadecer de Katherine? A esposa perfeita, mas que tem essa perfeição tão pouco valorizada?
Nessa trama, onde os valores são questionados, a liberdade tem seu preço e o amor nem sempre é a salvação, a autora me fez refletir , mesmo séculos depois do meu papel de mulher nessa sociedade injusta do modelo patriarcal, onde até hoje os homens podem tudo e muitas mulheres ainda ficam relegadas aos papéis de boas esposas e mães.
Me fez refletir também sobre o valor da liberdade e o desafio que é atingí-la, mas principalmente me fez questionar sobre o amor. É ele mesmo a mola propulsora da vida? Por ele vale tudo? Vale perder a sua essência, desistir dos seus desejos mais íntimos?
" Talvez todos os mortais, em algum momento da vida, sejam obrigados a pular do precípicio sob pena de respirar, comer, dormir e acordar  sem nunca mais viver. Pensava nessas coisas enquanto ouvia os sussuros de Charles."
No fim do livro eu chorei. Chorei pelo destino dos personagens, mas chorei principalmente por me sentir impotente, por me  sentir tão covarde diante dos desafios da vida. Chorei por entender que na vida tudo sem preço e que para atingir seus objetivos, você deve abrir mão de outros.
A vida não é perfeita, nunca é.
Agora sim,indico o livro a todos aqueles que gostam de livros amplamente reflexivos, livros com luta e coragem, que saibam ver através das histórias de amor e que queiram ser surpreendidos.
Eu me surpreendi, muito.
Virou um dos favoritos da vida.
Até mais,










17 comentários

  1. Luana, uma das melhores resenhas que li até agora! Fiquei muito emocionada com sua palavras, muito obrigada mesmo! <3

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    1. Catarina,
      Que prazer ter você aqui.
      Eu que agradeço a escrita dessa obra magnífica.
      bjs,

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  2. Ainda não conhecia o livro e me emocionei com a história. Acho que acontecerá comigo o mesmo que aconteceu com você: vou chorar quando o livro se encerrar. Adoro historias que nos façam refletir!!!
    Meu Amor Pelos Livros
    Beijos

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  3. Olá,
    Uma autora da minha cidade levou esse livro para o encontro de Natal que meu blog fez, foi o presente dela para o seu amigo oculto.
    Logo de cara fiquei apaixonada pela capa e quando ela ficou contando com entusiasmo sobre a história, fiquei com muita vontade de ler e agora, depois dessa resenha cheguei a mais uma conclusão, preciso ler urgente rsrs
    Eu amo livros históricos, que nos leva a reflexão e é nacional!! Amo autoras do nosso país.
    Só tem uma coisa, amo finais felizes e quando um livro não tem... fico em uma deprê!!! Mesmo assim, vou ler.
    beijos e obrigada pela dica
    Conchego das Letras

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  4. Oie, tudo bem?

    Menina, estou louca nesse livro. Tudo nele me atrai: a capa, a sinopse, o gênero e a premissa. Espero adquiri-lo em breve. Sua resenha está incrível, e conseguiu me deixara ainda mais empolgada para iniciar a leitura, se é possível! E um dos pontos mais legais, é que é nosso, é Nacional.

    Beijos,
    Dai | Blog Cheiro de Livro Nacional

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  5. Olá tudo bem? Amei a história, romances de época que não necessáriamente têm um final feliz, são os melhores. Quero muito ler esse livro, principalmente por causa da personagem principal, foge totalmente dos padrões e estou muito curiosa por saber o que acontecerá com os dois, se a família dele aceitará ela, se ele fala série em querer se casar com ela, e em como a história irá se desenrolar... Amei a resenha, parabéns, beijos...
    Sthe - Blog
    http://leesoncre.blogspot.com.br/

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  6. Oiii
    Nossa, estou apaixonada pelo livro. Amo romances históricos <3 <3 De início o livro me lembrou um pouco Belle, da Lesley Pearse, mas depois vi que é bem diferente. Pelo que vc falou, o livro é intenso e muito bom, do jeito que eu gosto.
    Nunca li um histórico nacional, acredita? talvez eu comece por esse :)
    Parabéns pela resenha, ficou muito boa.
    Beijos
    http://www.notinhasderodape.com.br/

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  7. Oiee
    Já tinha ouvido falar da história e tinha me interessado muito.
    Molly é um personagem que eu gostaria de conhecer mais a fundo, ela tem poder sobre si e coragem para fazer o que fez em seu tempo. Se agora as prostitutas sofrem preconceito, imagina no tempo dela?
    Não gostei do personagem Charles, ele parece ser igual a todo mundo rs

    Amei a sua resenha, não tinha lido nenhuma que desse tantas informações relevantes.
    Beijos!

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  8. Olá
    Eu estou adorando esses desafios que foram elaborados para esse ano. Enquanto a esse livro, eu estou loco para ler ele, não li nada do gênero até agora é esse daí parece ser bem legal pois além de uma proposta muito legal ele tem uma capa muito linda, espero amar a leitura
    Abçs

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  9. Olá, tudo bom?

    Adorei a sua resenha! Eu ganhei esse livro, mas ainda não tive a oportunidade de ler. Depois desse post, tirei todas as minhas dúvidas quanto ao assunto. Eu normalmente leio romances históricos como os que você descreveu, por isso acho que sair um pouco da minha zona de conforto será muito bom. Pelo jeito ele não possui um "final feliz", mas a vida nunca é um contos de fadas, certo? Acho que agora que sei disso, posso ler o livro com outros olhos.

    Obrigada pela dica!

    Beijos.

    http://instantesmemoraveis.blogspot.com.br/

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  10. Oie.
    Não conhecia o livro, mas ele me lembrou muito o livro jardim de espelhos, que foi o melhor livro de romance de época que eu li ano passado. A protagonista também era uma prostituta, só que ela foi rejeitada pela mãe e tal.
    Adorei essa premissa, a personagem parece ser uma mulher forte. Fiquei realmente curiosa para ler, acho que esse tornaria um dos melhores livros de época desse ano na minha lista, realmente amei.
    Sua resenha ficou perfeita.

    http://colecoes-literarias.blogspot.com.br/

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  11. Olá.
    Eu sou fascinada por romances históricos ou de época. Não conhecia esse ainda, mas a maneira que você falou dele, demonstra toda a sua emoção. Fique curiosa para saber mais sobre essas questões levantadas e que te fizeram se sentir impotente

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  12. Já tinha visto a capa do livro por aí, achei muito bela mas não fiquei interessada por ter probleminhas com o gênero, principalmente referente aos dois primeiros tópicos que são 'desindicáveis' destacados na trama, por causa deles que já pensei "opa agora começou a ficar interessante, leituras reflexivas são outra coisa que venho gostando muito! Com certeza ficarei de olho na obra.

    http://deiumjeito.blogspot.com.br/

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  13. Oi Luana,
    Menina, que resenha foi essa. Quero muito ler esse livro. No mínimo a ambientação dele é completamente diferente das que estamos acostumadas, o que foi uma sacada genial. Depois, toda o drama e diferentes pontos de vista de uma sociedade fechada, machista e hipócrita. Eu simplesmente quero esse livro. Agradeço a dica é já anotado na lista de leitura.
    Bjim!
    Tammy

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  14. Olá Luana!
    Nossa.. eu imagino sua emoção... ficou bem explicita... Eu sou fã de romances históricos com cenas no hyde park, pessoas fora da nobreza que conseguem casar com duques... pessoas da nobreza que casam com duques... kkkkk enfim, eu nunca saí desse contexto (só dos titulos nobres), e vendo a resenha desse livro senti que preciso sair desse mundinho "final feliz" e dar uma olhada como é o romance que não acaba com tudo dando certo...
    bjs
    http://umavidaliteraria1.blogspot.com.br/

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  15. Olá,
    Infelizmente esse livro não faz parte dos gêneros que eu leria. Não sou fã de livros eróticos e por isso acho que não gostaria da história, mesmo tendo gostado da sua resenha.
    Um beijo,
    Delírios Literários da Snow

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    1. Oi Carol,
      Bom embora livro retrate a vida de uma prostituta e adultério. O que ele tem de menos e erotismo. E claro que tem algumas cenas mas elas são bem leves em comparação a outras tramas.
      Bjs

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Agradecemos pelo comentário!