Resenha de Tinta: Amor e Amizade.




Ano: 2016 / Páginas: 220

Idioma: português 

Editora: Gutenberg

Autor: Whit Stilman

Sinopse: "Incrivelmente bela, surpreendentemente espirituosa, e completamente devotada aos próprios interesses: Conheça Lady Susan Vernon, a alma e a pedra no sapato de Amor & Amizade.Viúva e mãe de Frederica, uma adorável garota que está crescendo rápido demais e consumindo o pouco dinheiro que lhe resta, Lady Susan tem uma missão: encontrar um bom marido rico e estúpido para a filha e sobretudo para si."



Olá, Leitor.
Ganhei esse livro de uma grande amiga que sabe que eu sou completamente e irremediavelmente fã de Jane Austen.
" É  uma verdade universalmente conhecida que uma leitora de romance de época em algum momento de sua vida apaixonar-se-á intensamente por Jane Austen."
O que ela não sabe é que eu, como grande fã da autora, não sou chegada a adaptações de suas obras, porque geralmente me causam ranço. Vide Orgulho e Prenconceito e Zumbis que larguei o livro e jamais (leia com a pronuncia em francês, "jamé") cogitei a hipótese de ver o filme.
Mas leitora teimosa que sou, e até porque eu ganhei o livro, resolvi ler nem que fosse para passar raiva. 
Eu não sabia que divertiria-me tanto.
Antes de falar de Amor e Amizade, eu preciso falar de Lady Susan, obra de Jane Austen que é dividida em 51 cartas e onde a autora atua como narradora. Diferente de suas heroínas românticas, Lady Susan Vernon é uma mulher sem escrúpulos. Viúva e falida, ela precisa casar sua filha, Frederica o mais rapidamente para que possa continuar sustentando a vida imoral que leva e acha em um rapaz um tanto "idiota" sua solução.


Já Amor e Amizade, traz a versão contrária dos fatos. Seu narrador exime Lady Susan de todos os seus pecados e reconta a história sob novo ângulo.
Ele  começa escrevendo ao  príncipe real sua versão dos fatos, para que a autora solteirona (sim, Jane Austen) a quem o rei tinha oferecido patronato seja considerada difamadora de tão formosa personagem.
“À Vossa Alteza Real,
O Príncipe De Gales
SIR, para aqueles a quem Vossa Alteza Real é conhecida a não ser pela exaltação de vossa superioridade, talvez possa causar alguma surpresa que os presentes locais, personagens e incidentes, que têm referência apenas à vida comum, sejam trazidos a tão augusta presença. Vosso desejo inconteste de ver a justiça prevalecer em nosso Reino encorajou-me, a mim, um indivíduo insignificante, residente em uma ignominiosa morada, a buscar a deferência benevolente de Vossa Alteza Real para com o presente relato no qual Vossa Alteza Real encontrará Total Absolvição de alguns de seus fiéis súditos, caluniados e difamados pela mesma Autora Solteirona que tão friamente declinou da mui generosa e condescendente oferta de patronato de vosso ilustre predecessor, o Príncipe Regente.
Com a mais sincera admiração e profundo respeito,
SIR, do mais obediente, mais diligente e mais devoto
súdito de Vossa Alteza Real"
E então descreve as situações, costurando as cartas originais em forma de romance, tirando o peso da calúnia e jogando a culpa na autora solteirona causadora de tão faladas inverdades.
Eu li em algumas resenhas que o livro era um deboche a obra da Srta. Austen e fiquei preocupada. Diziam que a autora era altamente enxovalhada.
Realmente, logo no início do livro o leitor tem essa impressão, pois a todo momento ele difama a autora solteirona (alcunha de Jane na história) e isso faz parecer que o livro seria uma crítica ao seu trabalho. Mas, continuando a leitura logo percebe-se que essa não foi a intenção do autor.
Na versão romantizada das cartas, o autor do livro Whit Stilman, foi tão sarcástico e inteligente como a autora original.  Criou um personagem narrador tão inocente e vê-se logo apaixonado pela personagem principal que justifica de forma pueril e até esdrúxula as ações da dama. Isso  diverte o leitor e ao mesmo tempo deixa nas entrelinhas o verdadeiro comportamento da personagem.
Com um final aumentado, dando sequência a vida da personagem e a do próprio narrador,  o livro  leva o leitor a gargalhar e acabar torcendo pela infame personagem e pelo inocente contador de histórias.
Além da história reinventada, essa versão do livro traz também a versão original de "Lady Susan" só que com comentários feitos pelo narrador da história ao final de cada carta. Divertidíssimo!
Eu acredito que se a Srta. Austen pudesse ler essa versão de sua história, ela como a mulher brilhante que foi, daria parabéns ao autor pela sua réplica, conseguindo manter a obra revista em seu mesmo nível de escrita (talvez ela não gostasse de ser descrita como autora solteirona).
Se você como eu, é fã do trabalho de Jane Austen, eu recomendo que você leia Amor e Amizade mas sem o pré-julgamento de sua autora favorita. Leia como um novo livro. Você como eu  diverti-se-á.
Não sei se esse livro foi baseado no filme com o mesmo título ou se o filme foi baseado no livro, mas pelo que vi do trailer, eles são extremamente parecidos, com as mesmas falas inclusive, o que me deixou louca para assisti-lo.
Depois eu conto a vocês a minha experiência com o filme.



Até mais,

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