[Desafio Literário 2012] Setembro - O Incêndio de Tróia


Título Original: The firebrand
Autor: Marion Zimmer Bradley
Tradutor: Alfredo Barcellos Pinheiro de Lemos
Número de páginas: 552
Editora: Círculo do Livro
Ano: 1993
ISBN: - 


Sinopse:
Em O Incêndio de Tróia, Marion Zimmer Bradley, autora de As Brumas de Avalon, recria a história da Guerra de Tróia - e a narra a partir do ponto de vista de Cassandra (que ela chama de Kassandra), bela e atormentada princesa de Tróia.
Na brilhante recriação que a autora faz da famosa lenda, a queda de Tróia acontece de uma forma nova e ousada, desde a provação de Páris, o rapto de Helena (neste livro, não a cruel adúltera da lenda, mas uma mulher afetuosa, dedicada a Páris e aos filhos) e a convocação dos exércitos gregos por Agamenon, o enfurecido cunhado de Helena, à tragédia final da destruição da cidade, condenada pelos deuses - e pelo orgulho voluntarioso de seus líderes

Resenha:
Quando você lê um livro, já sabendo o final dele, como se sente? Como por exemplo, se ler sobre Joana D’Arc ou sobre o rei Artur, você já sabe o que acontece com eles no final.
Particularmente, devo ter algum problema nas engrenagens da leitura, pois quando inicio uma história, mesmo sabendo o final, torço insanamente para que tudo dê certo. Foi o que aconteceu em O Incêndio de Tróia.
O livro mostra a famosa guerra travada pelos Gregos (aqui designados Akaios) e os Troianos, desencadeada pela bela Helena, que foge com Páris, o filho do Rei Príamo de Tróia, filho este que havia nascido já sobre o mal presságio de que colocaria fogo na cidade – e isso não é figurativamente.
Até aí seria mais um livro sobre uma história muito boa, mas, aqui entre nós, já batida. Seria. Se não fosse sua autora. A diva. A mestra. Ok, podem me imaginar surtando e balançando pompons, porque se pudesse, eu o faria. Seria um “mais-do-mesmo”, se não fosse pela senhora Marion Zimmer Bradley.
E o que aprendemos com Marion? Que uma história boa pode ficar melhor ainda, quando vista pelos olhos de alguém a quem normalmente não damos tanto crédito (Morgana que o diga).
Neste caso, nossa visão é a de Kassandra – a grafia com K, neste nome e em outros termos é explicada no inicio do livro – filha do Rei Príamo e de Hécuba.



Se você também lembrou dessa Cassandra, merece meu respeito.

Kassandra é dotada desde muito cedo com o dom de visões. Por causa disso, é sempre tratada de forma diferente – para ser delicada – além do fato de que a maioria de suas visitas ao futuro demonstrarem apenas caos e destruição, provocado pelos deuses (e aqui temos deuses gregos, Zeus, Poseidon e sua turma, e a Deusa Mãe, misturados e coexistentes, com vários nomes diferentes, o que pode dar um nó na cabeça as vezes), e de ninguém acreditar nela.
Vemos o crescimento de Kassandra em uma sociedade que trata as mulheres de formas totalmente distintas. Ela encontra lugares onde mulheres não podem sair de seus quartos, onde elas são rainhas – e seus maridos são apenas consortes – e onde elas vivem livres, sem ter marido, residência ou quaisquer obrigações tipicamente femininas. É todo um universo explorado, muitas linhas de culturas demonstradas ao mesmo tempo. Além disto, há toda uma gama de mulheres que representam, de certa forma, os papeis que as mulheres geralmente assumem na sociedade contemporânea – esposa submissa, esposa parceira, esposa dominadora, mulher independente, e essa é uma das características muito marcantes nas obras de Marion, os olhares das mulheres sobre o mundo, e das mulheres sobre as próprias mulheres.
Kassandra assiste ao desenrolar da batalha das muralhas do Templo de Apolo, onde é sacerdotisa. Vê muitas mortes, evita algumas, enfrenta dilemas morais, passa a amar pessoas que pensava odiar, e demonstra toda a pluralidade que alguém pode enfrentar em sua vida, sem com isto ser leviana ou sem personalidade. Ela é forte, e entende quem é, apesar de em alguns momentos estar confusa. É uma personagem, diria eu, humana.
E assim como disse no inicio, torci muito para que ela, Helena, Hécuba e Tróia tivessem um “felizes para sempre”. Mas as histórias são as histórias e bem... Leiam e descubram. Rsrs.


*Este livro foi gentilmente cedido pela Sandra Mika*







2 comentários

  1. Oi Indira!

    Esse é um dos meus livros preferidos. Também amo Marion, e já li quase tudo dela que saiu em português (e alguns em inglês). E também, mesmo sabendo fico torcendo pra tudo dar certo. Morro um pouquinho toda vez que Heitor morre, e quando ninguém acredita em Kassandra, e sofro com a queda de Tróia. Mas é o que você falou, as histórias são as histórias, e o que vale é a emoção que elas causam.

    Beijos!

    Fernanda

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  2. Oi Fernanda!

    A Marion é com toda certeza uma das minhas escritoras favoritas. Ainda não tive a oportunidade de ler todos os livros dela, mas estou me esforçando pra isso. rsrsrs...

    Ainda bem que não estou sozinha no time que torce pras causas perdidas! =)


    Obrigada pela visita! Beijos!

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