Resenha de Tinta: Um Perfeito Cavalheiro

O Ministério dos Blogueiros e o Mundo de Tinta advertem: Essa série é viciante. Terceiro livro da série, pode (eu prometo me policiar) conter SPOILERS.
Um Perfeito Cavalheiro
UM PERFEITO CAVALHEIRO- SÉRIE OS BRIDGERTONS - LIVRO 3.
Título Original: An Offer from a Gentleman
Autor: Julia Quinn
Páginas: 304
Tradutor: Cássia Zanon
ISBN: 9788580412383
Editora: Arqueiro
Ano: 2014
Nota: 3/5


Sinopse: Sophie sempre quis ir a um evento da sociedade londrina. Mas esse é um sonho impossível. Apesar de ser filha de um conde, é fruto de uma relação ilegítima e foi relegada ao papel de criada pela madrasta assim que o pai morreu. Uma noite, ela consegue entrar às escondidas no baile de máscaras de Lady Bridgerton. Lá, conhece o charmoso Benedict, filho da anfitriã, e se sente parte da realeza. No mesmo instante, uma faísca se acende entre eles. Infelizmente, o encantamento tem hora para acabar. À meia-noite, Sophie tem que sair correndo da festa e não revela sua identidade a Benedict. No dia seguinte, enquanto ele procura sua dama misteriosa por toda a cidade, Sophie é expulsa de casa pela madrasta e precisa deixar Londres. O destino faz com que os dois só se reencontrem três anos depois, Benedict a salva das garras de um bêbado violento, mas, para decepção de Sophie, não a reconhece nos trajes de criada. No entanto, logo se apaixona por ela de novo. Como é inaceitável que um homem de sua posição se case com uma serviçal, ele lhe propõe que seja sua amante, o que para Sophie é inconcebível. Agora os dois precisarão lutar contra o que sentem um pelo outro ou reconsiderar as próprias crenças para terem a chance de viver um amor de conto de fadas. Nesta deliciosa releitura de Cinderela, Julia Quinn comprova mais uma vez seu talento como escritora romântica. 

Resenha:
 Terceiro livro da série Os Bridgertons. Se você ainda não conhece a família mais charmosa de Londres do Século XIX, a Sandra resenhou os dois primeiros livros O Duque e Eu e O Visconde Que Me Amava., mas se mesmo assim você ainda estiver perdido, vou te dar umas dicas:
Os Bridgertons são uma família com 8 irmãos! Filhos de Violet e Sir Edmund. Seus nomes seguem a ordem alfabética e todos os livros tratam do casamento de um deles, por isso os livros podem ser lidos fora de ordem mas é sempre bom ler a sequência pois em cada um deles temos uma introdução a história do próximo e você vai conhecendo melhor os personagens.

A primeira vez que eu li os Bridgertons foi o Duque e Eu em um livrinho de Banca lançado pela extinta (uma pena!) Editora Nova Cultural. Quando soube que era um a série, fiquei enlouquecida até conseguir os e-books da série e acabei encontrando em Português de Portugal (e foi por esses e outros que comecei minha amizade com a Agatha Borboleta), mas alguns estavam tão mal traduzidos que resolvi reler com o lançamento da Arqueiro.
Lembro que a primeira vez que li Um Perfeito Cavalheiro eu gostei mas não foi nenhuma paixão, meu livro preferido da série foi até então, O Visconde Que Me Amava e isso não ficou diferente na releitura. aliás na releitura de Um Perfeito Cavalheiro eu gostei um pouquinho menos e vou contar o porquê.
Um Perfeito Cavalheiro se passa em 1815. O ano que Napoleão foge de seu exílio na Ilha de Elba, e retorna a França sendo recebido como herói, invade Paris com um exército de 300.000 mil homens e é finalmente derrotado na Batalha de Waterloo por um exército coligado, liderado pelo britânico Duque de Wellington.
 Com toda essa movimentação bélica havia de se esperar que esses seriam os assuntos mais comentados nos salões de baile da sociedade londrina, mas segundo Lady Wisthedown, em suas Crônicas da Sociedade, o periódico mais lido na alta sociedade à época  e que tem foco nela mesma, ou seja um jornal de fofocas, não é isso que acontece:
"A temporada de 1815 está em pleno curso, e, embora fosse de esperar que todas as conversas seriam a respeito de Wellington e Waterloo, na verdade houve poucas mudanças em relação aos assuntos de 1814, que giraram em torno do eterno tema da sociedade – casamento.
Como sempre, as esperanças matrimoniais das debutantes estão centradas na família Bridgerton, mais especificamente no mais velho dos irmãos solteiros, Benedict. Ele pode não possuir um título, mas o rosto bonito, as formas agradáveis e o bolso cheio parecem compensar essa falha. De fato, em mais de uma ocasião esta autora ouviu uma mãe ambiciosa dizendo sobre a filha: “Ela vai se casar com um duque... ou com um Bridgerton.”
O Sr. Bridgerton, por sua vez, parece não ter qualquer interesse pelas jovens frequentadoras dos eventos sociais. Ele comparece a quase todas as festas, mas tudo o que faz é olhar para as portas, provavelmente esperando alguém especial.
Quem sabe... 
Uma noiva em potencial?"
CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN,
12 DE JULHO DE 1815
Pela noticia já dá para perceber que Benedict não é um homem qualquer. Apesar de ser o filho número dois, rico claro, mas sem nenhum título, ele ainda é um excelente partido. Ser um Bridgerton corresponde a um título de nobreza e todas as mamães das mocinhas casadouras logo tentam fazer com que suas filhas tenham sua atenção. Mas, como a maioria dos homens daquela época, Benedict tem aversão áqueles bailes onde se servem limonadas quentes. Ele só comparece aos eventos com muito custo por conta da imposição da sua mãe Violet que não ficará satisfeita  enquanto não casar todos os seus filhos.
Certo dia, Violet resolve dar um baile de máscaras em sua casa. O último baile que dará naquela casa já que por tradição ela pertence a Anthony, o Visconde, e sua esposa.
E então nesse baile, Benedict encontra o que esperava olhando para as portas:
"...Nesse momento, viu uma mulher que devia ser a mais espetacular de todas em que já pousara os olhos.
  Ele não saberia nem dizer se ela era bonita. Os cabelos eram de um louro escuro bastante comum e, com a máscara presa em torno da cabeça, não era possível ver nem sequer metade do seu rosto Mas havia algo naquela mulher que o deixou hipnotizado. Era o sorriso dela, o formato dos olhos, a forma como se portava e olhava ao redor do salão de baile como se nunca tivesse visto nada mais glorioso do que os tolos membros da sociedade vestindo fantasias ridículas.
  A beleza dela vinha de dentro.
  Ela brilhava. Cintilava."
"...E Benedict precisava conhecê-la."

Sophie. Sophie era a filha bastarda de um lorde. Criada como pupila, já que ele jamais admitiu ser seu pai, (mas todos sabiam) foi criada em sua casa de campo com todo o luxo possível e educação primorosa, mas sem atenção, sem amor. Quando o conde casa, Sophie imagina que enfim terá uma família, mas a madastra com duas filhas não quer nem saber da bastarda. Quando o Conde morre, Sophie é relegada a criadagem.

  Tudo o que Sophie queria era um dia participar de um baile sobre os quais lia na Coluna de Lady Whistledown e no dia do baile dos Bridgertons, sua fada madrinha governanta aparece com um vestido antigo e a faz ir ao baile dizendo que a meia-noite uma carruagem a buscará.
Conhece a história? Sophie é a gata borralheira e a primeira parte do livro é um remake de Cinderela, sem tirar nem pôr. O baile, o encontro, a valsa, e o beijo com ela saindo correndo pela as escadas e deixando Benedict apenas não com um sapato, mas uma luva.
Nesse ponto, eu já fiquei um pouco duvidosa, não com o fato da história ser baseada em Cinderela que eu amo de paixão, mas porque quando Benedict convida Sophie para dançar e ela responde que não sabe, ele se prontifica a ensiná-la, mas a leva para o terraço do terceiro andar onde fica a sós com ela. Que tipo de cavalheiro leva uma moça que não conhece a um lugar ermo e a beija?
Bom, dois anos se passam e Benedict não a consegue encontrar, mesmo com todos os seus esforços. Já Sophie cansada de ser maltratada pela madastra, foge de casa, e sem dinheiro rouba os enfeites de sapato dessa para sobreviver.
Até que um dia, em uma festa na casa de campo de um amigo, Benedict a reencontra mas não a reconhece. Na verdade, ela está trabalhando como arrumadeira nessa casa e Benedict a salva de seus amigos. Contrariado com o tipo de tratamento que eles lhe destinaram, Benedict a leva a sua própria casa de campo e por alguns acontecimentos eles são obrigados a permanecer na casa. O relacionamento deles se estreita e Benedict percebe um interesse pela moça, mas como seu coração é da dama de prateado do baile e também por ser impróprio um relacionamento entre uma criada e um rapaz de posses, ele não tem outra saída??? a não ser propor que Sophie seja sua amante!!!!!!!!!
Sophie por motivos próprios nega, e o livro se torna um duelo de vontades entre um e outro para ver quem vai ceder se Sophie vai ser amante de Benedict ou se vai ser fiel a seus princípios mesmo o amando.
Confesso que torci muito para Sophie encostar Benedict na parede e dizer a ele que só casando.
Considero Benedict um imaturo, inseguro. Talvez motivado por ser o filho número dois ou como disse-me a Agatha Borboleta, o vice campeão. Mas, em nenhum momento ele pensa na possibilidade de se casar com ela, mesmo questionando a mãe e obtendo seu apoio (que para mim merece o título de a melhor mãe dos romances), mesmo sendo aconselhado por seu irmão Colin, que é digamos, a ovelha negra da família Bridgerton, ele só conseguia enxergar que era inadequado, que eles iriam sofrer retaliações.
Já Sophie,que sentia  na própria pele o motivo de rejeitar as ofertas de Benedict, acaba apenas negando as ofertas de Benedict, sem nunca expor seus reais motivos e dizer a ele que o desejo era o casamento.
"Eu posso lhe oferecer uma vida melhor – comentou ele em voz baixa.
 ...Ela balançou a cabeça.
  – Eu não vou ser sua amante. Não vou ser amante de homem algum.
  Benedict entreabriu os lábios, em choque, quando entendeu o que ela estava dizendo.
  – Sophie – falou. – Você sabe que eu não posso me casar com você.
  – Claro que sei – explodiu ela. – Eu sou uma criada, não uma idiota.
  Benedict tentou se colocar no lugar dela por um instante. Tinha consciência de que Sophie queria uma imagem respeitável, mas ela precisava saber que ele não podia lhe dar isso.
  – Seria difícil para você também – continuou ele baixinho. – Mesmo que eu me casasse com você, você não seria aceita. A sociedade sabe ser cruel.
  Sophie deu uma risada sem humor.
  – Eu sei. Acredite, eu sei."
 E mesmo quando o livro está no final e Benedict entende que:
"...tô apaixonado
Eu tô contando tudo
E não tô nem ligando pro que vão dizer.
Amar não é pecado,
E se eu tiver errado
Que se dane o mundo
Eu só quero você"
( Sim é Luan Santana, sou brega, sou dessas)
 Um meio é arrumado para que Sophie tenha uma "origem" mesmo que desconhecida e seu passado como criada seja esquecido e nunca comentado.
O preconceito de classes, mesmo que seja costume e tradição da época me deixou bastante irritada, porque isso é um romance. Não dava para ser lindo e apaixonante? Não dava para eles lutarem juntos ao invés de um contra o outro?
Claro que o livro não é todo ruim, os diálogos entre Benedict e Sophie, em outras situações são divertidíssimos, ela tem um língua afiada, ele tem sarcarmo.
As passagens da família Bridgerton são ótimas e logicamente as notícias de Lady Wisthedown, que ninguém ainda conhece, iniciando os capítulos são divertidíssimos.
Fora que tem um gancho para o próximo livro que será do Colin, (#todasvibram) que é de tirar o fôlego e deixar você querer  ter o próximo livro o mais urgente possível.
Na verdade, o que mais me incomodou nesse livro foi a tradução errônea do título, porque se Benedict não é nem de longe um cavalheiro, no sentido lato da palavra, quanto mais perfeito. A Arqueiro pecou feio. Dá a impressão que o livro nem foi lido. Sendo a oferta de um cavalheiro a tradução literal, ficaria muito mais adequado a imagem do livro. Assim como a versão portuguesa que chamou o Livro de Amor & Enganos.
Voltando ao início da resenha, quero dizer que mesmo esse não sendo meu livro preferido, eu adoro Julia Quinn. Já tive oportunidade de ler outros livros dela, fora a série Os Bridgertons, e amei todos, recomendo muito a História de Um Grande Amor, é um pouco difícil de se se achar, mas é lindo e Como se casar com um Marquês que traz como quase personagem principal Lady Danbury, a anfitriã do primeiro baile do livro o Duque e Eu e que reaparece no fim de O Visconde que Amei, uma senhora que não larga sua bengala e não modera sua  uma língua ferina. O livro sem dúvidas é muito divertido.
Será que eu estou ficando ranzinza ou vocês concordam que Benedict não é um príncipe, mas um sapo encantado?
Espero que tenham gostado e que gostem mais do livro do que eu e que entendam que mesmo esse livro não sendo um dos meus preferidos, Julia Quinn é sempre uma ótima opção.
Um beijo






Um comentário

  1. Oi tudo bem?
    Todo mundo fala muito desse livro, já vi varias resenhas, e essa autora é mesmo ótima. Que bom que gostou do livro. Eu até agora nem pensei muito, porque livros de época não é muito comigo não. Quem sabe mais pra frente...

    Beijos, Ivana
    http://omundinhoderebecca.blogspot.com.br

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