Título Original: Eleanor & Park
Autor: Rainbow Rowell
Tradutor: Caio Pereira
Número de páginas:268
Editora: Novo Século
e-ISBN: 978-85-428-0199-6
Ano: 2013
Formato: E-book
Nota: 4/5
Sinopse: Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.
Oiwwn, esse é um livro fofo.
Podem falar o que quiserem, mas eu dos meus altos 30 e poucos (não muitos) anos adoro um YA(yang adult). Divirto-me com as atitudes dos personagens e me recordo do meu tempo de adolescente, é sempre uma leitura prazerosa, cheia de risos e lembranças.
Com Eleanor & Park não foi diferente, primeiro porque ele se passa em 1986 e mesmo eu ainda não sendo adolescente nessa época (por favor, eu era criança, não sou tão "antiga" assim), as referências ainda fizeram parte da minha adolescência.
Eleanor é ruiva de cabelos desgrenhados, que usa umas roupas esquisitas,umas camisetas surradas, uma gravata, ora presa como pulseira, ora como prendedor de cabelo, pobre, que se acha gorda, nova no bairro, e é claro que sofre bullyng (se bem que na época, isso não existia, ou não dessa forma, afinal quem nunca teve um apelido na escola?).
"...A menina tinha a aparência exata do tipo de pessoa com o qual isso costuma acontecer. Não só por ser uma pessoa nova ali, mas por ser grande e esquisita. Com cabelo bagunçado, bem ruivo, além de cacheado. E se vestia como se... como se quisesse que as pessoas ficassem olhando. Como se não sacasse que estava um desastre completo. Usava camisa xadrez masculina, meia dúzia de colares estranhos pendurados em volta do pescoço e lenços amarrados nos pulsos. Fez Park pensar num espantalho ou nas bonequinhas das preocupações que ficavam na cômoda da mãe. Enfim, do tipo que não conseguiria sobreviver no colegial..."
Já Park, é descendente de coreano, o que já garantiria a gozação, mas como arma usa seu jeito quieto e introspectivo, o que garante que não seja notado, nem perturbado.
No primeiro dia de aula de Eleanor, assim que ela entra no ônibus, as piadinhas começam, mas ela tem problemas familiares muitos mais graves para enfrentar e a única coisa que quer e quase não consegue é um lugar para se sentar. O único lugar disponível, é ao lado de Parker, que reza para que ela não se sente ao seu lado, porque com toda aquela "excentricidade" de Eleonor, é claro que chamará a atenção e acabará com seu "manto da invisibilidade"
Então, a garota avistou o banco vazio oposto ao de Park. O rosto dela se iluminou, aliviado, e ela correu para se sentar.
Antes mesmo de decidir fazê-lo, Park deslizou para perto da janela.
– Sente-se aí – disse, num tom agressivo. A menina ficou parada, olhando, como se não soubesse se era outra gozação ou algo assim. – Caramba – Park continuou, baixinho, acenando com a cabeça para o espaço ao lado dele –, é só sentar.
A menina obedeceu. Não falou nada – felizmente, ela não agradeceu – e deixou quinze centímetros de espaço entre os dois.
Park virou-se para o vidro da janela e esperou que o mundo desabasse sobre sua cabeça."
Assim começa o "relacionamento" de Eleanor & Park, eles se ignoram. Park sempre com um fone de ouvido, ouvindo suas fitas cassetes, lendo gibis e Eleanor na dela, com os quinze centímetros de separação.
Até que um dia, Park percebe que Eleanor lê junto com ele e ele começa a passar a revista mais devagar, escorrega uma para elas e percebe que Eleanor anota nomes de música que ele gostava, em seu caderno.
"...Ela gostava mais quando ele lia X-Men, mesmo que ela não entendesse muito o que estava acontecendo na história; X-Men era pior do que General Hospital. Eleanor levou algumas semanas para sacar que Scott Summers e Ciclope eram o mesmo cara, e ainda não tinha entendido muito bem qual era a da Fênix..."
(Eu passei a adolescência toda lendo X-Men e ainda jogava X-Men RPG, eu era a Tempestade. Não tem como não amar essas referências.)
Entre música,fitas cassete, wakmans, pilhas, fones de ouvido, poesias, livros e HQs o amor entre Park e Eleanor se desenvolve. Primeiro como uma amizade, porque perceberam gostos em comum e depois quando Park resolve enfrentar seus "medos" e Eleanor mesmo vivendo um inferno dentro de casa,( eu tive vontade de sacudir a mãe dela, dar uma surra no padastro e bater no pai) resolve deixar seus problemas familiares que são muitos, mesmo! E cair nas graças desse amor, um amor jovem e até pueril, um primeiro amor que em tempos de livros hots e eróticos (isso não é uma crítica, me agrada muito essa literatura) tem toda uma inocência, característica, claro do primeiro amor.
O que Eleanor achava daquele disco do U2? Ela amava.(Eu ainda amo U2)
O que Park achava de Miami Vice? Achava chato.(Eu assisto Miami Vice até hoje, na tv a cabo)
– Sim – diziam quando concordavam um com o outro. Um para o outro. “Sim”, “Sim”, “Sim!”.“É mesmo.”
“Exatamente.”
“Não é?
Porém, os problemas de Eleanor são tão graves que esse amor corre o risco de ser interrompido...
O romance entre Eleanor e Park, me lembra Eduardo e Mônica,(Legião Urbana) porque por mais distantes que seja o universo de criação dos dois, é inegável,que eles mudaram as perspectivas um do outro, Eleanor mexe com toda a timidez e receio de Park e ele quando está com ela transmite toda uma tranquilidade que a vida dela não tem e é certo que ele completa ela e vice-versa como feijão com arroz; Afinal, e quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?
O final do livro é em aberto(é o terceiro livro com final em aberto que leio esse mês, será que virou moda?) e eu tive esperança que ele fosse feliz! Talvez não seja, mas Eleanor & Park, é um livro muito bonito, que foge do esteriótipo menina linda se apaixona pelo "cara" da escola, já que os personagens são desajeitados, trata do primeiro amor, de temas fortes como bullyng e violência doméstica, de como é possível se continuar amando uma pessoa mesmo ela não estando ao seu lado e com referências que trarão muitas saudades a turma com mais de 25 anos.
Para quem quiser ver toda a playlist, a autora mantém um blog com todos os clipes das músicas e em cada um deles vai comentando o livro e o porquê da música ter sido incluída lá. O site é em inglês, mas eu recomendo que você só leia, após o livro, ela dá alguns spoilers.
Não sou da turma que espera um segundo livro, eu gostaria apenas de um prólogo, motivo pelo qual, tirei uma estrelinha do livro, mas anseio imensamente pelo filme que começará a ser filmado em 2015. Aliás, motivo pelo qual li esse livro, já que ele foi uma leitura para o Desafio das Estrelas, cujo tema do mês era ler um livro que inspirou uma adaptação: filme ou série.
Como disse John Green na abertura do livro:
"Eleanor & Park me lembrou não apenas de como é ser jovem e apaixonado por uma garota, mas também como é ser jovem e apaixonado por um livro."
Eu me apaixonei por Eleanor e Park.
E vocês recordam-se do seu primeiro amor? Espero que tenham gostado.
Um beijo,
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