Autor: Jô Soares
Número de Páginas: 352
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 8571644829
Ano: 1995
Sinopse:
Um violino Stradivarius desaparecido, algumas orelhas cortadas e seus respectivos cadáveres trazem o famoso Sherlock Holmes ao Brasil, por recomendação de sua não menos famosa amiga Sarah Bernhardt. Porém aquilo que parecia um pequeno e discreto caso imperial transforma-se numa saga cheia de perigos, tais como feijoadas, vatapás, mulatas, intelectuais de botequim, pais-de-santo e cannabis sativa. Sem falar, é claro, dos crimes do primeiro serial killer da história, que executa seu sinistro plano nota a nota, com notável afinação e precisão de corte. O britânico e intrépido detetive e seu fiel e desconfiadíssimo esculápio vivem então no Rio de Janeiro a aventura de Sherlock Holmes que Conan Doyle se excusou de contar - por motivos que ficarão bastante óbvios -, mas que para felicidade do leitor brasileiro Jô Soares resgata neste romance implacável e impagável.
Resenha:
Decepção das decepções, tudo é decepção. Nunca me arrependi tanto de ler um livro, acho eu.
Li O Xangô de Baker Street para o Desafio Literário, tema de Fevereiro: para rir. Porque escolhi este? Nada de específico. Já havia lido um livro de Jô Soares antes (Assassinatos na Academia Brasileira de Letras), e lembro-me de ter gostado bastante. Não li nenhuma sinopse. Era um livro indicado no DL, e “fui que fui”...
O livro conta a vinda de Sherlock Holmes para o Brasil, para desvendar dois crimes: o roubo do violino Stradivarius da Baronesa de Avaré, ganho pelo Imperador, e uma série de assassinatos cometidos por um serial killer que está a solta no Rio. Tinha tudo pra ser um excelente livro, uma boa história e um bom escritor. Mas desandou.
Acho que meu ardor pelo texto acabou no momento em que Sherlock usou cocaína no navio. É, isso aí. Achei o cúmulo. E não, não sou fã de Holmes, nunca li uma história com ele, e vocês podem até me falar que ele usa drogas nos livros de Doyle, mas pra mim foi um tapa na cara. Devo ter azedado por causa disso. Talvez.
No afã de ridicularizar brasileiros, ingleses, franceses, italianos, alemães, árabes e africanos (acho que não esqueci nenhuma das nacionalidades...), passou-se do ponto. Debochado demais. Caricato demais. Um humor entre Ary Toledo e Rafinha Bastos: chulo e passado.
A cultura e conhecimento de Jô Soares são inegáveis e vastamente demonstradas no texto, não há o que se dizer contra isso. Mas acho que em tudo se peca por excesso, e nesta obra ele não conseguiu fazer nem uma coisa nem outra: nem um livro de suspense, nem de humor. Nem perto de qualquer uma dessas coisas. Um belo amontoado de nada.
Nenhum personagem é digno de nota. O pobre Holmes se tornou um paspalho, Watson um arquétipo do inglês mal humorado e a Malta (como denominou o “clube” dos artistas da época, que incluía, entre outros, Olavo Bilac e Chiquinha Gonzaga) beberrões e mexeriqueiros (alías, segundo pai Google, é esse mesmo o significado da palavra). O imperador um banana, e Sarah Bernhardt apenas uma forma de trazer o detetive ao Brasil. Talvez se salve o delegado Pimenta.
Acho que já expressei bastante meu desagrado, não? Pois bem, humor é assim, tem quem goste de Didi, tem quem goste de Pânico (até que eu gosto do Urso Gente Fina!), tem quem goste de O Xangô de Baker Street. Se quiser realmente testar, depois me conte se eu é que sou muito chata! Rsrs.
Acho que já expressei bastante meu desagrado, não? Pois bem, humor é assim, tem quem goste de Didi, tem quem goste de Pânico (até que eu gosto do Urso Gente Fina!), tem quem goste de O Xangô de Baker Street. Se quiser realmente testar, depois me conte se eu é que sou muito chata! Rsrs.
Assim, eu gostei do Xangô e do Homem que matou Getúlio Vargas, mas acabei de ler As Esganadas e não gostei. Dizem (mas eu não li) que o pior dele é o Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, mas você gostou...então é como você disse, humor é relativo, depende muito, mas eu diria pra você não desistir do autor, sei lá...
ResponderExcluirE Sherlock tá bem fiel no Xangô. Quando eu li nem conhecia as obras do Conan Doyle, mas tanto Sherlock, quanto Watson foram bem representados por Jô. Acho até que o Sherlock era o personagem preferido de Jô ou algo assim, foi tipo uma homenagem.
Obs.: esse deboche que vc encontrou em Xangô chega à outros níveis em As Esganadas... e me incomodou um pouco também.
Dih,
ResponderExcluirA sinopse do livro parece interessante, mas pelo que você falou o livro em si não parece legal, né?!
Até hoje não me interessei muito pelo Jô Soares, e acho que vou ter que pesquisar mais para selecionar um livro dele que me agrade.
Um abraço!
Comprei As Esganadas. Tomara que seja melhor do que esse...:\
ResponderExcluiròtima resenha!! Bjus
Nunca li um livro de Jô Soares, sei que deve ser surpreendente e interessante. Mas, pelo que percebi em sua resenha, não foi lá grandes coisas. Então a gente fica meio insegura...
ResponderExcluirBom, pra não criticar sem ler, pensarei se um dia darei a chance a esta obra.
Gostei da sinceridade.
Parabéns!
Nizete
Cia do Leitor
Que pena que você não gostou, Dih!
ResponderExcluirEu li "Assassinatos na ABL" no ano passado, para o DL, e também me decepcionei. Tive a mesma impressão que você: o Jô é inegavelmente culto e sua pesquisa é minuciosa, mas peca ao não desenvolver melhor a história e ao querer ridicularizar todo mundo. Chato isso.
bjo
Nossa!!! Não gostou mesmo, hein?? Confesso que até hoje não li nada do Jô e continuo sem ter a vontade despertada.
ResponderExcluirInteressante que a sinopse é muito boa, e deve ter convencido muitos.
Parabéns pela resenha. Cê escreve bem, hein? rsrs
Beijos