Resenha de Tinta: A Árvore da Mentira

Autor: Frances Hardinge
Número de páginas: 304
Editora: Novo Século
ISBN: 9788542807950
Ano: 2016
Nota: 5/5

Sinopse: Na inóspita ilha inglesa de Vane, em pleno século XIX, os Sunderlys desembarcam, atraindo atenções e suspeitas. Quando o reverendo Erasmus, patriarca da família e proeminente estudioso de ciências naturais, é encontrado morto em circunstâncias obscuras, sua filha, a jovem e impetuosa Faith, está determinada a desvendar o mistério. 

Galera, estou aqui para falar sobre esse livro louco que li para o Desafio do Alfabeto Literário. Como tinha acabado de sair de algumas leituras que abordavam drama, romance e fantasia, quando peguei A árvore da mentira foi um pouco difícil me conectar pois é uma leitura bem diferente do meu habitual. Mas é sempre bom sair da zona do conforto pois assim descobrimos leituras maravilhosas como essa. 

Nessa história acompanharemos a vida da família de Faith, a qual estão mudando para ilha de Vane, mas que para pequena menina é algo suspeito pois a mudança foi repentina e de uma hora para outra. Então a desconfiança de Faith já começa nesse momento, sem contar que a família estava envolvida em um escândalo que toda Londres estava sabendo. 

Faith é uma garota diferente. Principalmente porque estamos no século XIX, e uma garota com opinião forte, que tem conhecimento de ciências, e que foge dos costumes não é bem aceita na sociedade. Sua mãe trata Faith como se fosse uma criança e não dá muita atenção, e seu pai com seu jeito grosso subestima totalmente sua esperteza. Então no decorrer da história observamos o tratamento que a garota recebe da sua família e das pessoas (principalmente os homens) de Vane. Como ela tem essa vontade de mostrar sua inteligência e de participar de conversas que normalmente são só vistas em um círculo de homens, a frustração de Faith de não ter sucesso nas suas ações é triste de ver. 

"A mente feminina é algo totalmente diferente - acrescentou rapidamente - e deve ser interessante a seu modo! Mas intelecto demais a estragaria e amassaria, feito pedra no suflê."

Nesse meio machista mostrado na trama, Faith vive com suas desconfianças sobre seu pai, um cientista naturalista, que esconde todas as suas ações de sua filha e família. Mas ao mesmo tempo ela só quer provar para o pai que ela merece sua confiança e que ela é esperta o suficiente para fazer parte de suas descobertas. 

 "A ciência era a traidora. Ela sempre acreditou, no fundo de seu ser, que a ciência não a julgaria, mesmo que as pessoas o fizessem."

Mas tudo muda quando o pai de Faith morre, e antes disso ela ter guardado um segredo dele e ter mentido para ter um álibi para o pai. Com as pessoas a sua volta começam a condenar seu pai, Faith se revolta e promete investigar ela mesma a morte de seu pai, que acredita ser assassinato. Com o diário de seu pai na mão e a localização da Árvore do Embuste, uma planta a qual seu pai deu a vida, ela embarca em uma aventura de muitas mentiras, descobertas, mistérios e surpresas. 

Esse gif me representa durante toda a leitura do livro. Pois bem meus queridos, a história é diferente, tem uma narrativa com uma pegada bem sombria e o desfecho do livro é muito bom.  A trama além de trazer o mistério que queremos saber: a morte do pai de Faith, ela toca em vários assuntos como a relação das mulheres nesse século, a questão da religião e a ciência, entre outros. Mas o que mais gostei foi a inteligência da escritora de bolar esse enredo tão bem construído. Na história a temida Árvore da mentira é algo incrível que não quis tocar na resenha, pois quero que vocês fiquem intrigados como eu fiquei.  E a autora conseguiu me deixar desconfiada de todo mundo nesse livro. E sentir uma estranheza lendo, eu confesso.

Quem está atrás de uma leitura instigante, cheias de mentiras e segredinhos, essa é o prato cheio. 

Mas me digam uma coisa:

Quantas vezes você mentiu hoje?