[Off Topic de Tinta] 12 Meses de Poe: O Coração Denunciador


O conto mais esperado pela minha pessoa \o/
Uma vez no grupo do desafio no Facebook foi feita a pergunta: qual o melhor conto lido até agora no desafio? Eu respondi que o tamanho das minhas resenhas demonstram o quanto eu gostei de um conto/livro. Baseado nisso tive que adicionar o selo de 'Favorito' ao fim deste post, olha o tamanho dessa resenha de um dos menores contos lidos até o momento!!! Isso se não for o menor conto. 

O Coração Denunciador


Publicado em 1843, esse conto possui um título um tanto "difícil" de traduzir. No original é: The Tell-Tale Heart. Em português depende do tradutor, da editora etc. A Faro HQ lançou em 2015 uma linda HQ que foi resenhada pelo nosso parceiro Vida de Leitor. Mas eu não li a HQ. Só a mencionei porque eu sempre vou ao Skoob atrás da capa para colocar aqui na resenhei e me deparei com essa edição linda. 

Enfim, no começo do ano eu fui naquela mostra do Poe e assisti ao curta baseado nesse conto, vocês lembram? Desde então que estou desesperada para ler o conto pessoalmente. Porém eu me escolhi me ater a 1 único conto por mês, sendo sempre o conto escolhido pela Anna. 

Até agora esse é o meu conto favorito de todos. Ele é extramente simples, nada de linguagem rebuscada, nada de plot twist carpado, ele é como um 'pretinho básico', simples e elegante. E é nessa simplicidade toda que reside o brilhantismo do autor. Quando eu li pensei "Parece até que alguém desafiou o Poe: se você é tão gênio assim, escreve um texto curto e que choque qualquer leitor.". Agora que sei que ele saiu em um folhetim tenho ainda mais certeza disso. 

Logo no começo o narrador personagem, ao qual agora já estou acostumada, se apresenta como não louco, mas dizendo, afirmando na verdade, que nós o consideramos louco. Mas ele não deixa claro que o julgamos louco por ter matado o seu patrão ou por ter se entregado à polícia. Na história o narrador é empregado, uma espécie de mordomo cuidador, de um velho rico. Tudo ia bem até que o narrador começa a se sentir incomodado com o olho cego pela catarata que o velho possui. De acordo com ele, o olho de 'abutre' o enlouquecia! E por isso ele matou o velho. Só que a polícia aparece na porta na manhã seguinte e certo de que está ouvindo o tum-tum do coração do velho morto a bater o narrador se entrega. 

A grande sacada de Poe é deixar espaço para nossa imaginação voar. Quando li me imaginei visitando o paciente em uma ala psiquiátrica. Mas poderia ser a cela da cadeia, poderia ser o gabinete do delegado. Ele prestes a ir para a forca. O narrador pode estar contando essa história de qualquer lugar. Não há NENHUMA referência a onde ele está, a única certeza é que ele está preso. Da mesma forma tudo que sabemos sobre o velho é que ele era rico. Não há uma quebra entre imaginar uma coisa e ser outra. Poe introduz o leitor-personagem. Quando acabou a última linha e eu vi o último ponto, eu também vi o leitor-personagem se levantando, puxando a cadeira para trás. Vi o narrador ficar com o olhar, antes vívido, agora embaçado e perdido nas brumas da sua consciência, a cabeça meio tombada de lado. Consegui ouvir inclusive o respirar pesado de quem aliviou momentaneamente sua carga ao contar sua história. 

Quantos autores são/foram capazes de fazer você VER mais da história assim que ela acaba? Vai dizer que ele não é um gênio?

Curtiu a resenha? Clique aqui embaixo em uma das reações para que eu possa saber sua opinião ;)

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