Autor: Caitlín R. Kiernan
Tradutor:Ana Resende; Carolina Caires Coelho
Número de páginas: 320
Editora: DarkSide® Books
ISBN: 9788566636536
Ano: 2015
Nota: 4/5
Resenha:
Tradutor:Ana Resende; Carolina Caires Coelho
Número de páginas: 320
Editora: DarkSide® Books
ISBN: 9788566636536
Ano: 2015
Nota: 4/5
Sinopse: Com uma narração intrigante, não linear e uma prosa magnífica, Caitlín vai moldando a sua obsessiva personagem. Imp é uma narradora não confiável e que testa o leitor durante toda a viagem, interrompe a si mesma, insere contos que escreveu, pedaços de poesia, descrições de quadros e referências a artistas reais e imaginários durante a narrativa. Ao fazer isso, a autora consegue criar algo inteiramente novo dentro do mundo do horror, da fantasia e do thriller psicológico.
Resenha:
India Morgan Phelps, ou Imp é louca. Não do tipo "miga, sua louca" e sim do tipo "louca" que frequenta psiquiatras e toma remédio ( nem todo mundo que frequenta psiquiatras e toma remédios é louco, pode ser apenas uma disfunção cerebral, mas Imp é louca.) Falando em termos médicos, Imp na puberdade desenvolveu a doença de Hebe, ou Hebefrenia, um tipo de esquizofrenia que é caracterizada pela fala desorganizada, pelo comportamento desorganizado e pelo embotamento afetivo ou pelas emoções inadequadas.
Pudera, quando criança Imp viu sua vó Caroline suicidar-se com gás. Na adolescência sua mãe foi internada em um sanatório e suicidou-se engolindo a própria língua.
Quando atingiu a fase adulta, e o luto passou, seu diagnóstico mudou para Esquizofrenia Paranóide que é caracterizada por uma preocupação com os delírios ou alucinações auditivas. A fala desorganizada e as emoções inadequadas são menos proeminentes. Além desses dois diagnósticos, ainda sofre com transtorno obsessivo compulsivo.
O que você precisa saber sobre o TOC quando ler esse livro é que mais do que comportamentos sobre limpeza ou segurança, ele é caracterizado por duas coisas: obsessões (pensamentos intrusivos e recorrentes) e compulsões (comportamentos tipicamente repetitivos que ajudar a diminuir a ansiedade provocada pelos pensamentos). Mas o transtorno pode ser de difícil identificação, pois ele pode se apresentar de diversas maneiras.
Nossa história começa quando Imp resolve escrever sua história de fantasmas. Fantasmas, sereias e lobos que a obsediam desde que encontrou Eva Canning, parada, nua, na beira de uma estrada.
Seriam os fatos relatados apenas frutos da imaginação de Imp ou realmente um ciclo que vem se desenrolando ao longo do tempo na sua vida e de muitas maneiras retratadas pela arte?
Não vou mentir para vocês, A Menina Submersa é um livro extremamente difícil de ser lido e ainda mais de ser descrito. E que exige paciência. Como disse a autora antes do início do livro:
"Este livro e o que é, o que significa que ele pode não ser o livro que você espera que ele seja."
Com toda a característica psicológica da personagem, não é de se estranhar que o livro seja escrito de forma que se apresenta: Para começar é um livro dentro de um livro. Acompanhamos o livro que Imp escreve como forma de exorcizar seus inúmeros fantasmas, literais e metafóricos, enquanto também acompanhamos sua vida, de forma que não há uma ordem cronológica de fatos, há várias repetições de situações, pausas e vemos a narrativa passar em de primeira à terceira pessoa em diversos parágrafos.
Mas não só do diferencial da escrita é composto o livro. A autora criou uma personagem psicologicamente instável que se relaciona amorosamente com uma transexual o que é um ponto positivo, já que transexualidade no livro não é mostrado como doença psicológica de transtorno de gênero,( aliás li essa semana um a matéria sobre estudo realizado no México que tem como objetivo retirar a transexualidade da classificação de transtornos mentais da OMS.) Abalyn, a transgênero, é o esteio que segura Imp no mundo "real" e em quem durante a leitura você deve confiar. #ficaadica.
Os fantasmas literais de Imp surgem no dia, em que precisando passear, Imp, encontra uma mulher nua e molhada a beira da estrada. Para o carro,pergunta se ela está bem e sem saber o que fazer com ela a leva para casa. É aí que seus pesadelos e delírios(?)começam.
Relacionado ao aparecimento de Eva na vida de Imp, estão um quadro e seu autor, por quem a protagonista é obcecada, intitulado A Menina Submersa, que mostra uma moça entrando em um lago.
Paralelo a isso ainda há citações e elucubrações a cerca dos originais de A Pequena Sereia, Chapeuzinho Vermelho e Alice no país das maravilhas, em uma teia que se ao mesmo parece puro devaneio, faz cada vez mais sentido.
Eu poderia resumir a história comparando -a com grande teoria da conspiração que leva a própria protagonista e o leitor a analisar os dados apresentados tentando juntar os pedaços da narrativa irregular para até pesquisar os fatos narrados, ao mesmo tempo que desconfia inteiramente das afirmações alucinógenas descritas.Quer andar mais ligeirinho?" disse a merluza ao caracol."Atrás de mim há um delfim, afobado para festança.Lampreias, linguados e lulas bailam alegres sob o sol.Na praia já nos esperam! Quer me dar esta contradança?Você quer, ou não quer, quer ou não quer hoje comigo dançar?A quadrilha da Lagosta, Lewis Carrow
Como já disse não é um livro fácil, é uma história que demanda tempo ( levei mais de uma semana para lê-lo) e muita reflexão, mas que com toda a originalidade, merece ser lido.
É com certeza um livro único.
Eu adorei. A caveirinha acertou novamente na escolha da publicação. E a edição de luxo, é magnífica.
UPDATE:Descobri ontem que existe uma playlist no Spotify com algumas músicas do livro. Para quem usa o aplicativo, vale a pena conferir.
UPDATE:Descobri ontem que existe uma playlist no Spotify com algumas músicas do livro. Para quem usa o aplicativo, vale a pena conferir.
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Eu comecei a ler A Menina Submersa em junho e tive que parar para passar outras leituras na frente (desafios e compromissos), sempre que olho para ele penso em pega-lo, é como você disse é uma leitura difícil que precisa de tempo e paciência. Mas a história me pareceu ser bem original e densa.
ResponderExcluirOi, Lisandra.
ExcluirÉ exatamente isso uma história e uma escrita original.
E é por isso que deve ser lido!
Obrigada pelo comentário,
bjs
Eu tenho a menina submersa tem mais ou menos um ano, comecei a lê-lo e gente que livro difícil, tive que parar. Esse livro da um nó em nossa mente, ainda não encontrei o momento certo para voltar a leitura, espero que um dia consiga concluí-la.
ResponderExcluirOi, Laís
ExcluirÈ exatamente isso.
Leia quando estiver com calma para absorver o seu conteúdo.
Quem sabe nas férias.
Obrigada pelo comentário.
bjs,
A história parece ser bem intensa. Não tive oportunidade ainda de ler, mas vou tentar. Pois achei a trama bem legal.
ResponderExcluirbeijos.