[Resenha de Tinta] Count Zero - Desafio Junho

O Ministério dos Blogueiros e o Mundo de Tinta advertem: Esta resenha é sobre a continuação de uma série, porém não contém NENHUM spoiler do livro anterior. Leia sem moderação.

Série: Trilogia do Sprawl #2
Autor: William Gibson
Tradutor: Carlos Angelo
Número de páginas: 312
Editora: Aleph
ISBN: 9788576570509
Ano: 2008 (Originalmente publicado em 1986)
Nota: 5/5

Sinopse: No futuro, existe a matrix. Uma espécie de alucinação coletiva digital na qual a humanidade se conecta para, virtualmente, saber de tudo sobre tudo. Mas algo estranho está acontecendo. Pelo ciberespaço se espalham agora diversas novas vidas artificiais. Por isso, as grandes corporações do planeta precisam se mobilizar, cada vez mais e a qualquer custo, para proteger suas informações e obter outras. A bola da vez é o biochip, tecnologia capaz de oferecer grandes vantagens à empresa que dele se apossar. Envolvido por esse cenário, Bobby Newmark acaba entrando de gaiato nessa história. E por causa disso, Bobby - o Count Zero - se torna uma pessoa valiosa. É quando a caçada começa. Passados oito anos após os eventos de Neuromancer, Count Zero é uma nova imersão no profuso universo cyberpunk criado por William Gibson, sendo a segunda parte da visionária Trilogia do Sprawl, iniciada por Neuromancer e fechada por Mona Lisa Overdrive.


É oficial, estou de ressaca! Rick Riordan me jogou no chão, pisou e riu na minha cara!!! Prevendo que a ressaca não me deixaria completar nada, (na verdade eu já não consigo escolher nada na minha estante), fui logo atrás do livro de Junho para não deixar vocês na mão. Acontece que titio William olhou para minha ressaca e disse ‘Meu livro é tão bom que enquanto estiver lendo-o você não lembrará da sua ressaca, mas eu NÃO VOU TIRAR VOCÊ DELA!’ E terminou com uma risada maquiavélica :’(

Resenha:

Eu não resenhei Neuromancer (os deuses podem dizer porque, que eu não faço ideia!), mas juro juradinho que não tem spoiler aqui. Count Zero se passa alguns anos após os acontecimentos de Neuromancer, não consegui identificar quantos (A sinopse no Skoob diz que são 8). Os personagens principais são outros e os anteriores são apenas citados. Mas não criemos pânico! A Dani vai nos salvar resenhando Neuromancer ainda esse mês.

Sobre o título do livro, antes de iniciar o primeiro capítulo temos:
INTERRUPÇÃO COUNT ZERO
Ao receber uma interrupção, decrementar o contador até zero.
[n. do T.] Ao longo do livro, o autor brinca com o duplo sentido de "count", que significa tanto "conde" quanto "contagem". Dessa forma, o nick "Count Zero" pode ser entendido como "Conde Zero", e várias vezes o personagem é referido como "o Conde". 
Até 70% do livro as histórias dos 3 núcleos de personagens parecem tão distantes uns dos outros que eu não conseguia ver o TUDO. Só as partes que o narrador me mostrava. E algumas ainda assim eram meio alucinadas, só que mesmo assim você se deixa levar nas ondas de loucura porque daqui a pouco os termos fazem sentido.

O primeiro núcleo é Turner, um mercenário, e sua tarefa de tirar um pesquisador de uma empresa para levá-lo para outra. No mundo criado por Gibson os contratos corporativos são piores que contratos de casamento, você não tem liberdade de ir e vir.

O segundo núcleo é o Bobby Newmark, um garoto de uns 17~18 anos que quer ser cowboy (hacker) e se autodenomina Count Zero, e o pessoal dos Projetos. Eu ainda estou tentando assimilar o que são os Projetos, mas as pessoas que trabalham/vivem lá são como os praticantes de vudu de Nova Orleans. Eles acreditam que existem deuses, que eles chamam de loas, dentro das partes não ocupadas da Matrix e que apenas eles conseguem escutar os loas. O povo dos Projetos têm certeza que Bobby esbarrou em alguma coisa e que por isso ele é o escolhido/amado dos loas.

O terceiro núcleo é Marly, uma especialista em Artes falida que teve participação em um pequeno escândalo envolvendo falsificação. Virek, um mecenas obscenamente rico a contrata para encontrar o artista de uma obra de arte esquisita. Eu não entendo nada de obras de arte, mas ela primeiro pensa que é obra de Cornell, até ele explicar que não. O salário que ele oferece a ela é absurdo e tal. Acho que a melhor parte do livro foi acompanhar Marly e sua intuição.
Obra de Cornell, a caixa que Virek mostra para Marly é algo assim, porém com objetos diferentes.
Marly ficou olhando. Uma caixa de madeira comum, com frente de vidro. Objetos. [...] Marly, porém, estava perdida na caixa, em sua evocação de distâncias impossíveis, de perdas e anseios. Era lúgubre, suave e, de alguma forma, infantil. Continha sete objetos.
O fino osso canelado, com certeza conformado para o voo, com certeza da asa de algum grande pássaro. Três placas de circuito arcaicas, decoradas com labirintos de ouro. Uma esfera branca e lisa de argila cozida. Um fragmento de renda escurecida pelo tempo. Um pedaço comprido como um dedo do que ela supôs ser um osso de um pulso humano, de um branco-acinzentado. Nele engastado, com perfeição, o eixo de silício de um pequeno instrumento que, muito provavelmente, antes ficava no nível da pele, mas cuja superfície estava, agora, queimada e escurecida.
A caixa era um universo, um poema, congelado nas fronteiras da experiência humana.

Quando lá perto do fim as coisas começaram a se desenrolar eu fiquei ‘Que p. foi essa?!’ E pensando ‘se eu estou assim, imagina os personagens kkkkk’. Algumas coisas no finzinho parecem se ligar a acontecimentos de Neuromancer, mas eu preciso reler este para ter certeza. Enfim, essa é uma leitura que vale muito a pena. Que vai fundir o seu cérebro e fazer você se questionar como um cara lá em 86 influenciou nossa vida hoje. 

Curiosidades sobre o autor: é o precursor do CyberPunk, o termo ‘cyberespaço’ é dele, previu os ‘reality show’ (nos livros tem uma tecnologia chamada simstim, simulador de estimulo, em que você pensa mesmo que está fazendo algo diferente do que apenas sentado no sofá.), a trilogia de filmes Matrix foi altamente influenciada pela trilogia do Sprawl.


Um comentário

  1. Achei bem diferente e meio enrolado kkkk
    Mas gostei demais da capa, bem legal e interessante.
    Fiquei curiosa para saber mais, vou anotar o nome aqui e quem sabe ler também.
    bjs
    Ana
    elvisgatao.blogspot.com

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