[Resenha de Tinta] A Menina da Neve

Ela é a resposta das suas orações ou um pequeno e mágico sonho?

Título Original:The Snow Child
Autor: Eowyn Ivey
Tradução: Paulo Polzonoff Junior
Número de Páginas: 352
Editora: Novo Conceito
Ano Publicação: 2015
ISBN:9788581638010
Nota: 9/10

Sinopse: Alasca, 1920: um lugar especialmente difícil para os recém-chegados Jack e Mabel. Sem filhos, eles estão se afastando cada vez mais um do outro. Em um dos raros momentos juntos, durante a primeira nevasca da temporada, eles constroem uma criança feita de neve. Na manhã seguinte, a criança de neve some. Dias depois, eles avistam uma criança loira correndo por entre as árvores. Uma menina que parece não ser de verdade, acompanhada de uma raposa vermelha e que, de alguma formam consegue sobreviver sozinha no frio e rigoroso inverno do Alasca. Enquanto Jack e Mabel se esforçam para entender esta criança que parece saída das páginas de um conto de fadas, eles começam a amá-la como se fosse sua própria filha. No entanto, nesse lugar bonito e sombrio, as coisas raramente são como aparentam, e o que eles aprenderão sobre essa misteriosa menina irá transformar a vida de todos.

Resenha:

      Alguns livros são difíceis de resenhar, ou porque são ruins, ou muito bons, ou como nesse caso: tudo que eu disser vira spoiler! Eu estava pensando coisas erradas e ruins sobre o livro e por isso fui atrás de resenhas durante a leitura. Fiquei p. da vida com uma delas em que a pessoa contava uma coisa que me pareceu tremendamente importante! Mas quando concluí a leitura percebi que a pessoa só tinha contado um pouco da história, como em qualquer resenha normal… Mas esse não é um romance normal, ele é absolutamente psicológico. O que eu quero dizer com isso é que dependendo do seu estado de espírito você vai encarar o livro de forma diferente. Eu sei que isso é óbvio e acontece com qualquer leitura, mas esse livro em específico, o mistério e tudo o mais envolve você, mas só se você deixar. Não é um livro chiclete ou um best-seller nato. Ele apenas é. Por isso a minha nota para esse livro é mais do que nunca minha avaliação pessoal. Dessa vez eu não posso prometer a vocês se vão gostar ou odiar… Se assim como eu vocês vão achar o começo lento ou não… Dependerá mais de vocês o gostar da história, do que do livro em si. Sendo assim, meu conselho: pegue o livro e comece a ler quando sentir vontade, se achar que não desce, não cola, guarde na estante e espere algum tempo para tentar de novo. Tenho a sensação de que ele curou minha ressaca, mas só vou saber mesmo nos próximos dias...

      Como eu não posso falar da história, vou falar do resto. A escrita da autora parece poesia em prosa. As paisagens que ela descreve, da forma como ela escreve, me dão uma vontade de saber desenhar! De colocar no papel os picos nevados, as florestas de abetos, a raposa vermelha… A história começa em 1920 no Alasca. Nessa época o Alasca é um pedaço de chão esquecido por todos, os vizinhos mais próximos estão a alguns quilômetros, assim como a cidade mais próxima, que por sinal não passa de um aglomerado de prediozinhos. Eu consigo acreditar que nesse lugar, nessa época, era muito fácil de ter mágica. Se você quiser conhecer um pouco mais do Alasca, a Eowyn criou um blog Letters from Alaska.

      Todos os personagens são bem construídos e trabalhados. A evolução de alguns deles é incrível! A minha favorita é a Menina da Neve, mas como não posso falar dela sem soltar spoilers gelados, vou falar de uma personagem secundária: a Esther! Nessa época, 1920, ela já era uma mulher forte, casada (obviamente) e mãe de 3 meninos. Se tornou amiga da Mabel quase que por imposição. Isso porque a presença dela é tão forte, tão entusiasta! Eu conheço na vida real uma mulher assim. Sem medo da sociedade machista, sem participar de movimento feminista. Ela simplesmente é ‘uma mulher de peito!’. Pega o que quer e não espera que os outros facilitem sua vida. Mão de ferro para criar os filhos, mantém o marido sob rédea, mas sem ferir seu ‘orgulho masculino’. Ninguém tem dúvida de que quem manda na casa é ela, mas o marido fica feliz de posar ao seu lado como se fosse o chefe. A Eowyn deu vida a uma ótima personagem.