Autor: Adeline Yen Mah
Número de Páginas: 176
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2006
ISBN: 8535908455
Nota: 5/5 (favorito!)
Sinopse: Quinta filha de um milionário chinês, Adeline
perdeu a mãe apenas duas semanas depois de nascer. Além de sofrer com a
hostilidade dos irmãos, que a responsabilizam pela morte da mãe, Adeline ainda
sofre com a indiferença do pai e a crueldade da madrasta. A segunda mulher de
seu pai despreza os filhos do casamento anterior, que vivem pobremente,
limitados a três refeições diárias e a apenas uma muda de roupa além do
uniforme escolar. O pai ignora o que acontece em casa, deixando o terreno livre
para a madrasta. Por ter ousado contrariá-la e por apresentar um rendimento exemplar
na escola, Adeline padece nas mãos dessa mulher, que parece ter saído
diretamente da fábula Cinderela. Por isso, acaba num colégio interno, sem
visitas nem presentes, e é nos livros que encontra refúgio para sua tristeza e
solidão. É dessas leituras que vem sua redenção - aos catorze anos, ela se
inscreve em um concurso internacional de peças teatrais para alunos de língua
inglesa, e ganha. A partir daí, Adeline tem a chance de escapar do seu destino.
O resultado dessa experiência é Cinderela chinesa , livro em que fala com
sensibilidade sobre a superação de uma infância extremamente infeliz.
Resenha:
Eu não
saberei falar desse livro sem dar um pouco de Spoiler, então fica aqui meu SPOILER ALERT! Mas trata-se de uma autobiografia,
então eu não acho que vai estragar a história se eu citar algumas partes, né?
No
início do livro há um mapa da China e um pouco da explicação sobre a cultura
chinesa, como o fato de, dentro de casa, os filhos serem chamados de ‘Primeiro irmão’,
‘Segundo irmão’ ou ‘Irmã grande’ e ‘irmã pequena’, o que é bem interessante. No
fim do livro também é apresentada, de maneira sucinta, a lenda da Cinderela
Chinesa, que dizem ser mais antiga do que a Cinderela Ocidental.
A
história em si é curta, menos de 200 páginas, mas parecem mais, muito mais. É
pesada, triste, cheia de esperança.
O livro
é a biografia de Yen Jun-ling (Yen na verdade é o sobrenome dela, mas em chinês
o sobrenome vem antes do nome) ou Adeline Yen ou Wu Mei (quinta irmã mais nova,
mais velhos usam) ou Wu Jie (quinta irmã mais velha, irmãos mais novos usam).
Jun-ling possui três irmãos e uma irmã mais velhos, de uma mesma mãe, que
morreu ao dar a luz a ela e ela é responsabilizada por essa morte pelos irmãos,
que a hostilizam. Do segundo casamento do seu pai ela possui mais um irmão e
uma irmã.
A
família em si parece um pouco bagunçada e é composta: pelo pai – que é um pouco
distante dos filhos -; Madrasta ou Niang – que descreverei como uma pessoa
má, para não postar palavrões no blog ; Vovô Ye Ye, vovó Nai nai e Tia Baba.
Eles moram numa mansão num bairro francês de Tianjin e ainda há toda aquela
coisa do mais velho mandar na casa – no caso o Ye Ye e a Nai Nai. Porém, com a
morte da vovó e a mudança pra Xangai, tudo muda!
Eles
continuam morando numa mansão, dessa vez de três andares: o primeiro é a área
social e cozinha, nas quais os filhos do primeiro casamento não teriam acesso;
o segundo andar, onde dormem o casal e os filhos do segundo casamento; e
finalmente o terceiro andar, onde dormem Ye Ye, Tia Baba e os filhos do
primeiro casamento.
O maior
problema na familia é o quanto os filhos do primeiro casamento são maltratados.
Enquanto os mais novos vestem sedas e rendas, os primeiros vestem tecidos
grossos e grosseiros. Os primeiros comem doces, comidas refinadas e fazem
várias refeições por dia, os ultimos fazem tres refeições por dia, sem muitas
regalias.
“Senti o rosto
esquentar, porque tinha consciência de que minha aparência era horrível. Sem
dinheiro, não sabendo onde arranjar um sutiã, tentava esconder os seios
nascentes colocando duas camisetas de baixo bem justas. Além dos uniformes, eu
possuía apenas um vestido de domingo simples e antiquado, marrom, que era
pequeno demais, muito curto e estreito. [...]”
Veja
bem, o problema em si não é o modo como se vestem e o que comem, mas a
diferenciação que existe entre os filhos e não é apenas na maneira de vestir ou
a qualidade de comida.
Adeline
nos transporta para esse universo, nos mostrando como é crescer sendo
maltratada pela madrasta, ignorada pelo pai e odiada pelos irmãos. A menina foi
tão sofrida que eu tive vontade de pegar ela no colo e niná-la... Eu quase
chorei no livro e eu não sou disso! ( Há quem me chame de coração de pedra!
IUAHSUIAHS)
“ ‘Querida filha, confesso que estou velho.
A
idade é desnecessária; de joelhos imploro
Que
me conceda vestes, cama e comida...’ “
(trecho
citado no livro, de um livro sobre Rei Lear)
Foi uma
história que me fez por a mão na consciência e me perguntar por que eu, e tenho
certeza que a maior parte de vocês também, se não todos, reclamamos tanto da
vida. A Adeline teve uma vida tão dificil, triste e foi tão longe...Por que
diabos nós não seriamos capazes de realizar nossos sonhos e/ou objetivos?
A
resenha já ficou grande demais, por isso eu vou ficar aqui. É um livro que eu
super recomendo: leia, ria, aprenda, emocione-se.
Beijos de Tinta!
Nunca ouvi falar desse livro, mas me interessei e ele parece emocionante. Geralmente livros relacionados a estrutura familiar oriental são sempre muito pesados e cruéis, as vezes é difícil continuar a ler e dá aquele nó na garganta em algumas passagens.
ResponderExcluirtaiyounorakuen.blogspot.com