Título Original: Becoming Madame Mao
Autor: Anchee Min
Tradução: Aulyde Soares Rodrigues
Número de Páginas: 347
Editora: Rocco
ISBN: 8532513840
Autor: Anchee Min
Tradução: Aulyde Soares Rodrigues
Número de Páginas: 347
Editora: Rocco
ISBN: 8532513840
Ano: 2002
Nota: 9/10
Sinopse: A construção de Madame Mao é uma biografia romanceada de uma das mulheres marcantes do século XX. Nascida em 1914 em Shantung, Chiang Ching teve uma trajetória que se confunde com os rumos políticos da China. Ambiciosa e cruel, perseguidora implacável dos seus inimigos por causa de sua determinação de suceder Mao Tsé-tung, conduziu milhões à morte. Anchee Min descreve o processo que levou a pequena Yunhe (seu nome de criança) a tornar-se o demônio de ossos brancos, como ficou conhecida a soberana das décadas de 60 e 70 — de atriz e militante a ditadora, depois lendária e mítica —, sem entretanto julgá-la.
A autora combina aspectos pessoais de Ching — colhidos em documentos originais — com fatos históricos, nos conduz além do mito da figura que influenciou toda uma geração de chineses. O resultado é o complexo retrato de uma mulher que superou os limites impostos por sua cultura, construindo um personagem, reinventando a si mesma para dar asas à sua imensa ambição, somente igualada por sua ânsia, jamais saciada, de ser amada. Min mostra as contradições e motivações de Yunhe. O livro começa em 1919, quando a menina tinha quatro anos, vai até 1991 e está dividido em três fases: Madame Mao como Yunhe (1919-1933), como Lan Ping (1934-1937) e como Chiang Ching (1938-1991), nome dado a ela pelo ditador.
Resenha:
“Você é o que é seu profundo e vigoroso desejo.
Assim como seu desejo é sua vontade.
Assim como sua vontade é sua ação.
Assim como sua ação é seu destino.”
- Brihadaranyaka Upanishads, iv.4.5
Esses versos precedem o início do livro. O pior (ou melhor) é que minha vida pessoal estava um caos, então isso me deu mais ânimo.
Um dos meus tios (o que é louco por história, qualquer civilização e época) disse que eu iria gostar desse livro em particular. Eu nunca sei por que ele me recomenda os livros que recomenda, mas tudo bem. A questão é que nunca fui muito fã de história e na época que deveria ter estudado Comunismo na China minha professora era uma me, era muito ruim. Logo, eu não sabia quem era Mao Tsé-tung e muito menos que ele foi casado! (três vezes para ser exata.) O caso é que esse livro salvou minha lista do desafio, eu ainda não tinha me decidido sobre qual escritor oriental iria ler! Depois de toda essa enrolação vou começar a resenha, prometo.
Logo de cara a autora revela que Madame Mao mudou de nome três vezes, que aos 77 anos está presa há 15 anos e que “o único motivo pelo qual as autoridades continuam a adiar sua execução é a esperança que ela se arrependa.”
Bem, o livro é narrado em 3º e em 1º pessoa, o problema é que não há nenhuma aviso prévio que a mudança irá ocorrer. Por que isso é um problema? Bem, porque eu não vejo palavras enquanto leio, vejo ações e ouço a voz de quem me conta a história. E é claro que pessoas diferentes tem vozes diferentes! Vou confessar que no começo isso me irritou bastante, mas então mudei a forma de encarar o livro: não era um romance que eu tinha em mãos e sim um documentário. Sabe, tem o narrador contando uma cena, em seguida um convidado conta a mesma cena, mas com a visão de quem vivenciou... Depois disso a coisa fluiu bem.
“Talvez ele a convide para sair. Talvez as flores da primavera despertem seu desejo e o tempo o faça compreender que já a torturou bastante.
Tentei mas não posso me livrar desse sentimento.”
As duas primeiras frases são da narradora e a última é a própria Madame Mao falando.
Ah, ainda sobre a forma como foi escrito, esqueça o famoso ‘travessão –’. Não que não tenha diálogos, apenas não existe esse símbolo no livro todo.
“[...] Não posso me dar ao luxo de ser indelicada. Estendo a mão.
Desculpe-me, não me lembro bem... Já nos conhecemos?
Dan nos apresentou, não está lembrada?
Oh, sim, tem razão, agora lembro. Sr. Tang Nah. Li suas críticas, são excelentes.”
Sobre a historia, Madame Mao nasceu como filha de uma concubina e um homem de mais de 60 anos, eu não entendi direito mas acho que o cara não tinha filhos homens e ela era sua última esperança. Seja como for, o cara era um bêbado e a mãe dela apanhava sempre. Vocês conhecem a prática chinesa de deformar os pés das mulheres? (Também conhecido como pés de Lótus). Madame Mao, na época como Yunhe com 4 anos, se recusou a fazer isso. Desde cedo uma revolucionaria.
Isso deve doer demais! |
Acompanhamos Yunhe crescer, se tornar atriz (não muito famosa), trocar de nome para Lan Ping, entrar para o Exército Vermelho, conhecer e se apaixonar por Mao Tsé-tung, se tornar Madame Mao Chiang Ching e enlouquecer pela sede de poder. Esqueci de falar que ela casou 4 vezes, o que me deixou impressionada já que nessa época mulheres não tinham direito a quase nada.
Não sei como fazer essa resenha, a história toda é muito romântica, sangrenta, cheia de poesia e com aquelas metáforas que só os chineses conhecem e que eu adoro *.*
“Lan Ping nunca viu um homem soluçar daquele modo.Todo seu corpo estremece como árvores de magnólias açoitadas por uma tempestade.”
O Comunismo na China não foi algo maravilhoso, você podia amanhecer comunista, ser denunciado pelo seu sobrinho e no fim do dia ser torturado para revelar tudo que sabia sobre a Resistência! Loucura total. Não sei, sinceramente, como os trabalhadores viviam. Era tanta gente a caça de traidores que não sei como dava para andar na rua, namorar, ter filhos, viver em fim! (Eu não sou “viva o capitalismo”, só acho que qualquer coisa extremista demais é ruim); Como eu não sou a pessoa mais indicada para discutir política e história eu paro por aqui.
Estou com a imagem do pé deformado na minha cabeça até agora...
ResponderExcluirFiquei muito interessada nesse livro Ned! E olha que a cultura ocidental não exerce muito fascínio em mim não, vai entender... hahahahahaha
Adorei!