[Resenha de Tinta] A síndrome de Copérnico

Título original: Le Syndrome Copernic
Autor: Henri Lœvenbruck
Editora: Bertrand Brasil
Tradução: Maria Alice Araripe Sampaio Doria
ISBN: 978-85-286-1500-5
Ano: 2011
Número de páginas: 504



Sinopse: Saber uma verdade na qual o mundo inteiro se recusa a acreditar, uma verdade que pode mudar o futuro da humanidade. Isso é a Síndrome de Copérnico.
Vigo Ravel sofre de uma esquizofrenia paranoide aguda ou detém essa verdade?
As vozes que ouve são alucinações causadas por seu distúrbio psíquico ou são os pensamentos das pessoas?
Após o atentado que destruiu quase todo o bairro da Défense, Vigo não tem mais dúvidas. Ele possui um segredo que pode mudar o mundo. Mas não basta conhecer um segredo, por mais ameaçador que seja. É preciso saber sua origem.
E algumas forças ocultas querem impedir, custe o que custar, que Vigo Ravel tenha sucesso na missão que se impôs. Existem mistérios que valem qualquer sacrifício. Até mesmo o sacrifício da própria alma.

Resenha:

O que dizer desse livro?
      Bem, uma pergunta complicada de se responder. Ao ler a sinopse, interessei-me porque gosto desse estilo em filmes, mas nunca li um livro com um ritmo tão alucinante!
     A mistura de momentos puramente filosóficos e reflexivos com a mais pura e simples adrenalina de perseguições e lutas é inebriante. Lœvenbruck foi um gênio ao fazer essa “salada”. Vigo Ravel inicia a história tentando buscar respostas para perguntas que existia em sua cabeça, mas ele não sabia por que existiam...


  “Não é porque sou esquizofrênico que não tenho direito de refletir. Mesmo desordenadamente. Não há perigo na busca de sentido. É uma busca de vida, de existência, no sentido cartesiano. Penso, logo existo. A esquizofrenia me faz duvidar tanto do real que só tenho certeza de existir no meu pensamento...” pág. 19.


    Essa eterna busca por respostas se torna mais ativa depois do acontecimento principal do livro (não vou estragar a surpresa :P). De repente toda sua vida metodicamente organizada se transforma em um olho de furacão e Vigo se pega sendo perseguido pela cidade por pessoas de agasalhos cinza...
A história então entra num ritmo incessante de perseguições entremeadas de reflexões um tanto sem proposito, mas vindo de um esquizofrênico... espera-se o quê?


    “O sonho é a prova, se fosse preciso de alguma, de que o nosso cérebro é capaz de fabricar sensações que se parecem com uma realidade. Existem pesadelos que fantasticamente fedem como o real. Em suma, nosso cérebro é, às vezes um simulador da vida especialmente hipócrita...” pág. 62.


     Mas algumas colocações de Vigo não são de todo estapafúrdias como se pode pensar de uma mente doente (mas qual o conceito de “doente”?). Vivemos em uma sociedade, onde apesar de querermos e dizermos ser contra algumas normativas de nossos governantes, no final das contas, somos coisa nenhuma, pois afinal de contas, estamos em sociedade. Não saímos desse mundo hipócrita povoado de pessoas medíocres e banais. Ao morarmos e por consequências, aceitarmos as normas impostas, somos coniventes com muito. Mas do que deveríamos. Então às vezes é necessário se passar por “louco” para ser ouvido! Devemos gritar aos quatro ventos o que se passa. Porque nos acomodamos em nossa ilusão, em nossa utopia. “Um dia vai melhorar...” é praticamente um mantra para muitas pessoas... iludindo-se, achando que isso vai acontecer ela estando sentada na sua sala, assistindo as novelas, que são feitas justamente para isso, impedir de você pensar na sua própria vida. É quase possível ouvir a mensagem das grandes mídias por aí: Pensa nas “Ninas” da vida e nos “Tufões” que existem por aí. Mas não pense no próximo cara que você vai eleger para administrar sua cidade. Não pense se ele vai realmente construir as 25 creches que ele prometeu ou se vai fazer o saneamento básico de seu bairro. Esqueça isso. Vai assistir novela que você ganha mais.
Desculpem o desabafo. Mas a leitura desse livro nesse exato momento político em que vivemos me fez pensar nisso. Vigo via a vida através da lente colorida que seus medicamentos lhe proporcionavam. Foi necessário um acontecimento bombástico (não resisti ao trocadilho!!) para abrir seus olhos e sua mente. Foi necessário um forte abalo em seu mundinho organizado para que percebesse que algo estava errado. Extremamente errado.


   “Prostrado, esgotado, eu não conseguia me convencer do que havia acabado de compreender. Não ousava formulá-lo. Admiti-lo. Há tanto tempo eu me havia inserido na certeza da minha doença que, de repente, não podia negá-la de novo. Não. Mais uma vez, deviam ser mentiras da minha cabeça doente. Simples mentiras. Alucinações. E, no entanto... eu não havia sonhado...” pág. 32.


     A rede de conspirações desse livro é digna de filmes hollywoodianos do mais alto nível. Esse foi o primeiro livro que li desse autor e achei incrível. Ele tem outro título lançado no país e chama-se O Testamento dos Séculos, não lido. Sua escrita é muita rica e seu estilo é refinado. Consegue fazer as junções ora de momentos calmos com momentos de grande tensão sem que o leitor perca o raciocínio. A edição também foi feita de forma maravilhosa. O único perigo é que você não consegue largar o livro enquanto Vigo está sendo perseguido ou quase descobrindo algo ou em seus delírios existenciais... ou seja, hora nenhuma!






Esse livro foi cortesia do Grupo Livro Viajante, do Skoob.

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