Ainda faltavam
30 minutos para o início da peça no Municipal, por isso Katrina andava com
calma nas ruas próximas ao teatro. Àquela hora, as ruas do centro já estavam
vazias, com pouquíssimos carros passando.
Ao virar à esquerda
em uma esquina, Kathy, como preferia ser chamada, viu um pouco à frente 2
jovens conversando. Um deles negro, muito alto e com ombros largos deixou Kathy
deslumbrada! O outro era um pouco mais baixo, porém ainda alto, loiro com olhos
azuis profundos e vermelhos. Aparentemente ambos haviam consumido alguma droga recentemente.
Ela parou, e
olhou em sua volta, procurando testemunhas pela rua. Os dois jovens perceberam
o olhar dela e imaginaram que o brilho dos seus olhos era de medo. Afinal
estavam diante de uma menina baixinha de cabelos escuros e curtos, muito magra
e com maquiagem chamativa. Se sentiram excitados e trocando um olhar balançaram
a cabeça concordando um com o outro. Avançaram na direção de Kathy que ainda
estava parada observando os dois, se perguntando o que fazer.
O loiro, à direita de Kathy, a enlaçou pela
cintura e perguntou próximo ao seu ouvido:
-
O que uma menina tão linda como você faz sozinha por aqui em uma hora como
essa?
Kathy o
ignorou enquanto olhava para a sua esquerda, por onde o negro havia se aproximado.
Devagar, porém firme, ela levantou o braço esquerdo acariciando a barriga e o
tórax dele até chegar ao seu coração. Deixou a mão ali por alguns segundos
sentindo as batidas ritmadas daquele ser forte e robusto. Deslizou então a mão
até seu pescoço instigando-o a beijá-la. Ao mesmo tempo em que ele fechava os
olhos para sorver o beijo ardente que receberia, Kathy estava com a outra mão
quebrando a traquéia do outro homem, sem partir a carne é claro, para que não
sujasse suas bem cuidadas unhas. Os olhos azuis perderam o brilho e o rapaz
pendeu sem vida. Kathy o empurrou delicadamente para o lado de modo que ele
caísse sem tocar nela ou no amigo.
Ela levou a
mão para a cintura de sua vítima e desviou a boca para o pescoço dele, virando
sua cabeça fazendo com que ele não visse o amigo caído. Enquanto se perguntava
se estava diante de uma puta ou uma doida, o antes suposto atacante, sentiu os
dentes dela em seu pescoço. Achando que receberia mais carícias e decidindo
qual seria o melhor lugar para concluir o ato, ficou chocado quando sentiu que
sua pele havia sido rompida por algo tão fino como uma agulha. Era Kathy que
começava a se deliciar com aquele sangue temperado com drogas. O jovem não teve
consciência nem mesmo para gritar, estava tão chocado sem entender o que
acontecia que nenhum som escapou de sua boca.
Quando o coração parou de bater Kathy o
largou. Assim como o champanhe perde a graça quando não está completamente
gelado, o sangue perde a graça quando o coração não bombeia o sagrado líquido.
Katrina era uma moça de gostos refinados e delicados.
Do alto de seu
salto agulha, sem ter tido um fio de cabelo sequer saído do lugar, ela olhou
para o relógio verificando que ainda haveria tempo de assistir à peça traquilamente.
Enquanto andava, ela falava:
-
Ambos ainda contém muito sangue. Podem ficar com eles se quiserem. Não me
importo, já obtive o que eu desejava.
Se houvesse
alguém na rua para testemunhar, observaria pequeninas mãos ávidas puxando os
dois corpos para uma área mais escura da rua e o sorriso nos lábios vermelhos
da pequena senhorita que se afastava.
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