Resenha de Tinta: A Grande Ilusão


Autor: Harlan Coben
Número de páginas: 304
Editora: Arqueiro
Ano: 2017

“... Você acha que sabe a verdade.
A verdade é que você não sabe nada.”


Já parou pra pensar sobre isso?
Maya Stern está sozinha.
Acabou de enterrar o marido. Seu lindo marido Joe, pai de sua Lilly. Maya sente-se afundada. Agora sem mais sua patente militar tão estimada, jogada de volta em uma sociedade a qual não se adapta bem. Os horrores da guerra fizeram isso. Mas a ex-capitã precisa tentar, por sua Lilly, sua pequena garotinha de apenas dois anos.
E quando Maya começa a se reerguer, algo inusitado acontece. Algo que parece ser uma grande ilusão ou uma realidade aterradora. E para descobrir a verdade, ela parte em busca de respostas. E descobre mais do que queria, mais do que deveria...
Harlan Coben sempre traz temas fortes, polêmicos e muitas vezes discutido de forma errônea pela sociedade. E nesse livro não é diferente. Através da visão da ex-capitã e piloto Maya Stern temos a oportunidade de ver o que é o TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) e todas as suas nuances. A dificuldade em se readaptar a sociedade e a triste realidade de não se enxergar mais nesse modelo de vida.
“... Mas Eddie, assim como todos os demais, não via a realidade das coisas. Ela não pertencia àquele lugar. Era uma outsider, estava fora do seu elemento. Muito embora, ironicamente, aquele fosse o modo de vida pela qual ela tanto havia lutado na qualidade de militar. Sim, aquela vida, aquela paz, aquela felicidade. Mas não lhe era permitido transpor a fronteira e se juntar àquelas pessoas. Talvez fosse essa a decisão que todos precisavam tomar: participar do idílio ou trabalhar para protegê-lo. Nunca as duas juntas. [...] Alguns ainda tentavam. Riam, compravam balões, mas ainda assim não conseguiam apagar do olhar aquela centelha de perene de apreensão. Quase uma doença. Passaria um dia?” pág. 171
Difícil né.
Coben também fala de um tema muito delicado por lá nos EUA e aqui também: o porte de armas por civis. Isso é colocado várias vezes de formas diretas e outras mais sutis. Mas percebe-se o posicionamento do autor. E qual é o seu? Já pensou sobre isso?
Harlan Coben sempre me faz sentir emoções conflitantes e me leva a fazer reflexões a cerca de assuntos difíceis, mas que é necessário opinião e posicionamento. Esse livro me deixou em lágrimas no final e até aí foi uma grande ilusão, porque os sinais indicando o desfecho estavam lá, mas eu fingia não ver. E mais uma vez me surpreendi. Maravilhoso. Único.





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