[Especial de Tinta] Movimento Fale! Contra o Abuso - A Realidade por trás de Fale!



Olá Pessoal,



Em primeiro lugar, eu gostaria de pedir desculpas pelo atraso no post. Inicialmente, esse post deveria ter saído sexta-feira conforme o programado, mas por dificuldades técnicas, só pode ser publicado hoje.

Então, apesar da Semana Fale! ter terminado dia sexta- feira, o Mundo de Tinta apresenta hoje dados sobre os temas apresentados na obra, com relação a bulliyng e abuso sexual.
Fale! é um livro inovador. Como dito na resenha do livro, ele teve sua primeira publicação em 1999, e traz uma história onde esses dois temas temas se conectam e com isso muito contribuiu para que as pessoas enxergassem e discutissem amplamente seus temas. Só que infelizmente, mesmo com a abertura de discussão e informação, os números de pessoas atingidas por essas situação tem atingido números altíssimos. Para mostrar esses números, reproduzimos pesquisas do Ministério da Saúde e Ministério da Educação.

 Abuso Sexual é o Segundo Maior Tipo de Violência no Brasil
 A violência sexual em crianças de até 9 anos é o segundo maior tipo de abuso de força característico desta faixa etária, ficando pouco atrás apenas das notificações de negligência e abandono. 
O abuso sexual contra crianças até 9 anos representa 35% das notificações. Já negligência e abandono tem 36% dos registros. Os números são do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde. 
Os dados preliminares mostram que a violência sexual também ocupa o segundo lugar na faixa etária de 10 a 14 anos, com 10,5% das notificações, ficando atrás apenas da violência física (13,3%). Na faixa de 15 a 19 anos, esse tipo de agressão ocupa o terceiro lugar, com 5,2%, atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%).


A maior parte das agressões ocorreram na residência da criança (64,5%). Em relação ao meio utilizado para agressão, a força corporal/espancamento foi o meio mais apontado (22,2%), atingindo mais meninos (23%) do que meninas (21,6%). Em 45,6% dos casos, o provável autor da violência era do sexo masculino. Grande parte dos agressores são pais e outros familiares, ou alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente, como amigos e vizinhos.

Um em cada cinco adolescentes pratica bullying no Brasil
 O bullying é um dos vilões da adolescência, que envolve quase 30% dos estudantes brasileiros - seja praticando ou sofrendo a violência caracterizada por agressões verbais ou físicas, intencionais, aplicadas repetidamente contra uma pessoa ou um grupo. Mas a grande maioria desse total, 20,8%, é formada por agressores. Ou seja, um em cada cinco jovens na faixa dos 13 aos 15 anos pratica bullying contra colegas no Brasil. O índice é destaque da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE)
Foram entrevistados 109.104 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental (antiga 8ª série), de um universo de 3.153.314, grupo no qual 86% dos integrantes estão na faixa etária citada.


O perfil dos agressores também aponta para uma predominância masculina: 26,1% dos meninos praticam bullying, em comparação com 16% das meninas. Também são eles os que mais sofrem a agressão (7,9%), em relação a elas (6,5%).
A Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (HBSC, na sigla em inglês), feita também em 2012 em 41 países da Europa e América do Norte, mostra que a prática se torna menos frequente à medida que as vítimas ficam mais velhas: 13% dos alunos de 11 anos diziam sofrer bullying na escola, número que caiu para 12% entre os de 13 anos e para 9% entre os de 15.


Uma das consequências comuns dessa violência é psicológica, e leva ao descontentamento da vítima quanto à própria imagem, por exemplo. "Tanto o déficit como, principalmente, o excesso de peso, podem gerar insatisfação e até mesmo distorções em relação à forma como o próprio corpo é percebido",Esse é um problema que atinge principalmente as meninas. Cerca de um terço delas (31,1%) dizia estar tentando emagrecer, mas uma proporção bem menor, de 19,1%, respondeu que se achava gorda ou muito gorda. Para acelerar esse processo, 6,4% revelaram ter chegado a induzir o próprio vômito ou tomar laxantes - prática característica de distúrbios alimentares, como a bulimia.

Dados alarmantes, não?

Vejamos agora um depoimento da nossa querida Menina de Tinta, Sandra Mika, que é professora e acompanhou um caso de Bullying que ocorreu na escola em que dá aulas:


 "Sou professora de zona rural há quatro anos e pude ver alguns poucos casos de bullyng em minha escola. Mas pude ver que poucos são os casos relatados. A partir do momento em que você começa a reconhecer alguns sintomas, passa a ver que há mais, bem mais. Talvez os casos em minha escola não sejam tantos por conta da falta de rede celular e internet. Essas coisas viralizam muito mais com a ajuda da tecnologia.
A gestão da escola tem uma conduta anti-bullying muito rígida e levada ao pé da letra e os piores casos são com crianças que estão entrando na adolescência, aquela fase de auto conhecimento e de mostrar pra todos o que veio fazer no mundo.
Há alguns meses atrás tive um caso em uma sala de aula do 6ºano, faixa etária de 11 anos. Duas alunas que já se estranhavam desde o início do ano tiveram uma pequena discussão a respeito da eleição de liderança. Após tudo ser esclarecido, voltamos a aula propriamente dita e a aluna causadora do bullying se utilizou do livro didático para desmoralizar e ridicularizar a outra aluna. Isso tudo acontecendo e eu dentro de sala e não vi. Às vezes vemos alguns casos na TV e pensamos “Meu Deus! E ninguém viu?!” O bullying acontecendo em minha sala de aula e eu não percebi nada. Claro que há casos que são muito óbvios, mas eu realmente não notei os sorrisinhos, o livro aberto em uma página que não era a estudada. Enfim, por sorte tento manter com meus alunos um relacionamento onde eles sabem que se tiverem algum problema, pode vir conversar comigo depois da aula. E foi isso que a vítima fez. No mesmo dia entrei em contato com a gestão e já marcamos reunião com os pais da menina ofensora. Tudo foi resolvido e esclarecido e as duas meninas estão começando a ser amigas. Nesse caso, houve toda a problemática de antes, o que tinha acontecido no ano anterior, tipo ser ignorada pela menina que você mais queria ser amiga e esse tipo de situação. Com base nessa situação, trabalhei uma dinâmica de como os outros nos veem, e descobrimos antigas mágoas por trás de implicâncias infantis.
Essa situação me deixou a lição de ficar atenta aos pequenos detalhes em minha aula, mas as vezes é difícil com as salas de aulas brasileiras super lotadas do jeito que estão, mas eu tenho a consciência tranquila de que cada um fazendo a sua parte vamos se não resolver, mas amenizar bastante esse problema tão sério."
Professora de Ciências
Sandra Mirleny da S. Carvalho
Escola Santa Júlia
Zona Rural do município de Porto Velho - RO
Então, como disse a Sandra e o próprio Movimento Fale! Contra o abuso incita a única alternativa é falar!
Se um dos dois casos acontece com você ou com alguém que você conhece Fale! Conte a seus pais, professores, ou a um amigo. Não podemos nos calar contra essa situação.

Caso necessite de ajuda, deixamos telefones de contato:
Disque 100 - Proteção a criança e adolescente contra a violência sexual

Disque 180 - Central de Atendimento a Mulher

Fale! 

Até mais,





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