Editora: Moderna
ISBN: 8516039633
Ano: 2004
Páginas: 53
Sinopse:"Cinco Minutos - Um rapaz perde seu ônibus por cinco minutos e, ao entrar no seguinte, senta-se casualmente ao lado de uma mulher cujo rosto estava coberto por um véu. A moça permite que ele lhe segure as mãos e lhe beije o ombro. A fim de localizar sua amada misteriosa, o narrador vai descobrindo mais detalhes sobre sua musa e espanta-se com os recursos da moça para permanecer incógnita. Várias viagens são necessárias até que o mistério se resolva e o casal possa encontrar a felicidade."
Olá Pessoal,
Hoje a resenha de um livro de um autor de vários clássicos nacionais. José de Alencar. Essa história de 1856, é considerada o primeiro romance ficcional do autor.
Querem saber o que eu achei?
Em cinco minutinhos vocês descobrem, leiam!
#Resenha:
Cinco minutos. Quanto tempo você levaria para se apaixonar?
Quantas vezes você se atrasou apenas 5 minutos e perdeu o ônibus, a carona, a prova...
Essa história começa com uma carta. Carta na qual o protagonista, que nunca sabemos o nome, conta a sua prima,D, como cinco minutos mudaram sua vida.
Eis que o nosso protagonista, acaba atrasando-se para pegar a condução e teve que esperar até as 19h pela próxima. Chateado, porque atrasou -se apenas 5 minutos, não resta outra alternativa a não ser esperar.
Cansado, senta-se ao lado de uma dama a qual não consegue ver o rosto, mas por quem imediatamente sente-se atraído e em um arroubo de coragem, segura-lhe a mão. Como não percebe nenhum protesto, decide avançar um pouco mais e beija-lhe o ombro. Inevitavelmente, sente inebriado com seu perfume, que recende a sândalo, uma fragrância afrodisíaca, e apaixona-se perdidamente pela moçoila sem rosto.
Porém a moça que apesar de permitir que ele pegasse em sua mão, assusta-se com a conduta do senhor, levanta-se e salta. Não sem antes lhe dizer: Não me recordarás.
Nosso protagonista tenta em vão, como a moça recomendou, esquecer o episódio, mas como não consegue, passa a frequentar, sem atrasos,o mesmo horário de condução, mas nunca mais encontra a moçoila permissiva.
Nesse tempo, o protagonista, faz diversas conjecturas: Será ela feia? velha? casada? Porque uma moça "de fino trato" não se daria a esses arroubos em uma condução com um desconhecido, pensa ele.
Já conformado com a doce ilusão de sua paixão, ele vai a uma festa,e eis que a encontra. Ou melhor, sente seu cheiro e ouve sua voz sussurrando a mesma frase: Não me recordarás.
Mas ele está decidido, não a esquecerá.
"Esperar tranquilamente um dia para dizer-lhe que eu a a amava e queria amá-la com todo culto e admiração que me inspirava a sua nobre abgnação, me parecia quase uma infâmia"
A partir daí nosso mocinho se envolve em uma série de aventuras para encontrar a moça de seus sonhos que guarda um segredo, que poderá impedi-los de ficar juntos.
Eu acho José de Alencar um mestre. Quando era adolescente me apaixonei perdidamente por Senhora e Luciola. Vem daí meu amor por romances de época.
Nessa curta história, ele abusa das nuances românticas e do senso de época, cria situações hilárias, que o próprio protagonista admite serem engraçadas, pois pede a destinatária que não ria, e já criticava ( desde aquele tempo) a sociedade que teimava em seguir padrões e costumes estrangeiros.
Para quem mora no Rio de Janeiro (como eu) esse livro é um deleite com relação a citação geográfica. Imaginar que hoje a tão valorizada Barra da Tijuca, era apenas uma restinga, para onde as pessoas "viajavam" para caçar (outro hábito inglês) e que o caminho para Petrópolis era feito de barca( elas já existiam) pela Baia da Guanabara é impressionante nos dias de hoje. Naquela época, o Centro era não só o centro comercial, como o centro residencial da cidade, e uma viagem do Andaraí a Glória (onde mora nossa mocinha) poderia levar horas.(não muito diferente de hoje, por conta dos engarrafamentos, é José, nada mudou!!!!)
Com relação as aventuras vividas pelo nosso personagem, elas são de criação épica. José de Alencar criou um personagem que consegue desde a extinção de um cavalo, a ficar a deriva em plena Baia de Guanabara em um barquinho a remo. Tudo em nome do amor, claro.
Falando em amor ou romance, não é a toa que ele é expoente do gênero no Brasil.Frases doces, parágrafos melados, juras de amor eterno, tudo isso entra no rol de um romance com ares de drama, que pode não ser vivido.
" - Não pensas que é melhor esquecer do que amar assim?- Não! Amar, sentir-se amado é sempre um gozo imenso e um grande consolo para desgraça. O que é triste, o que é cruel, não é essa viuvez da alma separada de sua irmã, não; aí há um sentimento que vive, apesar da morte, apesar do tempo. É, sim, esse vácuo do coração que não tem uma afeição no mundo e que passa como um estranho entre os prazeres que o cercam"No final, depois de um belo drama, um final inusitado e com não uma, mas duas lições:
"Isso prova que a pontualidade é uma excelente virtude para uma máquina, mas um grande defeito para o homem".
"Nisto enganou-a, mas eu vingo-me roubando lhe um dos meus beijos, que lhe envio nessa carta. Não o deixe fugir prima, iria talvez revelar a nossa felicidade ao mundo invejoso"José de Alencar é ou não um gênio?
Eu o amo.
Espero que tenham gostado.
Um beijo,
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