[Resenha de Tinta] As Mentiras de Locke Lamora



Série: Os Nobres Vigaristas - Livro 01
Título original: The Lies of Locke Lamora
Autor: Scott Lynch
Tradutor: Fernanda Abreu
Número de páginas: 464
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580412499
Ano: 2014
Nota: 5/5

Sinopse:
O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.
Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas.
O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver.

Resenha:
            Preparem-se para conhecer um lugar único, totalmente real e mágico, onde o antigo e o novo, o concreto e o ilusório se misturam e se fundem. Onde o sujo e escuro é vigiado de perto pela mais limpa luz. Apresento-lhes Camorr, uma das mais célebres cidade-estado de Trono Terim.
            Imaginem uma cidade litorânea, uma Veneza medieval, cheia de ilhas e canais. 
Esse é o mapa de Camorr
Imaginem também que dentre suas construções de pedra e argamassa, há estruturas feitas de Vidrantigo, um material indestrutível, herança dos Ancestres, alienígenas que habitaram o lugar muito tempo atrás. Além de eterno, o Vidrantigo também cria um fenômeno espetacular.
“...Na hora em que os primeiros sinais da verdadeira escuridão pareceram cair sobre a cidade, uma nova luz débil e bruxuleante surgiu para combatê-la, emanando do Vidrantigo das Cinco Torres e do vidro translúcido da ponte em que eles estavam. A cada segundo, a claridade aumentava e foi se intensificando até banhar a cidade com a meia-luz moribunda de um dia nublado. A hora da Falsaluz tinha chegado.
Do alto das Cinco Torres até a superfície lisa de obsidiana dos imensos quebra-mares de vidro e os recifes artificiais sob as ondas cor de ardósia, a Falsaluz emanava de cada superfície e de cada pedacinho de Vidrantigo em Camorr, de cada partícula do desconhecido material deixado tanto tempo antes pelas criaturas que tinham fundado a cidade. Todas as noites, quando o poente enfim engolia o sol, as pontes de vidro se transformavam em fios fluorescentes de luz cintilante. Tudo o que era de vidro, torres, avenidas, esculturas de estranhos jardins, reluzia débil em tons de roxo, azul, laranja e branco perolado, e as luas e estrelas desvaneciam em cinza. Assim é o crepúsculo de Camorr: o fim da labuta para os últimos trabalhadores diurnos, o chamado das sentinelas noturnas, o fechamento dos portões que conduzia a terra firme; uma hora de claridade sobrenatural que logo daria lugar a verdadeira noite.” Pág. 22 e 23.
            O tempo é contado através do calendário terim.
“...Era o verão do Septuagésimo Sétimo Ano de Gandolo, Pai das Oportunidades, Senhor das Moedas e do Comércio...” Pág. 10
            E os camorris adoravam 12 deuses. 12 não. 13. O deus de número 13 era o ‘irmão caçula’ dos deuses e a ovelha negra da família.
“...Como eu disse, sou sacerdote, só não sou um sacerdote de Perelandro. Sou um servidor iniciado do Treze Sem Nome, o Vigia-Ladrões, o Guardião Torto, o Benfeitor, Pai dos Pretextos Necessários.
- Mas... só existem os Doze.” Pág. 27
            A sociedade é dividida em nobre, comerciantes e pobres. Ah, e há também as gangues. Muitas. E há o Capa, o cara que chefia todas as gangues.
            Locke fica órfão depois de um surto de Sussurro Negro em seu bairro Pegafogo, e dessa forma fica à mercê da própria sorte. E em uma noite conhece o Aliciador.
“... O jovem Lamora era o mais novo e o menor de todos: tinha 5 ou 6 anos e não passava de um monte de ossos pontudos sob uma pele coberta de sujeira e concavidades. O Aliciador não o escolhera; o menino simplesmente seguira os outros como se fizesse parte do grupo. O homem percebeu, é claro, mas tivera o tipo de vida no qual até mesmo um único órfão livre da peste era uma sorte a não ser ignorada.” Pág. 10
            Mas em bem pouco tempo, o Aliciador percebe que Lamora foi sua pior aquisição e tenta passar pra frente, vendendo-o ao Sacerdote Cego. Este fica bem curioso em relação ao menino e decide comprá-lo. E então, o verdadeiro treinamento de Locke Lamora inicia. E ao lado de Calo e Galdo Sanza, Jean Tannen e, posteriormente, Pulga, formam a gangue conhecida como os Nobres Vigaristas, que realizavam pequenos furtos, nada que chamasse a atenção de ninguém. 
Os Nobres Vigaristas *.*
Mas o Espinho de Camorr, esse sim, era O bandido. Roubando dos nobres, o Espinho cruzava uma linha tênue chamada de Paz Secreta.
            Esse acordo feito entre o Capa e o Aranha do Duque (que ninguém sabe quem é) mantinha a cidade em um caos organizado, ou seja, determinava quem podia ser roubado pelas gangues. Mas o Espinho era uma preocupação somente para o Aranha, já que o Capa nada sabia. O problema deste era o Rei Cinza, que andava matando seus garristas de forma quase mágica, já que ninguém via quando e nem como acontecia. E de repente, Lamora se vê envolvido em uma artimanha tão grande e perigosa que fica sem saída... até conseguir bolar um novo plano!
            Sou suspeita pra falar de fantasias. Gosto muito!! Um dos meus estilos favoritos!
            Quando comecei a leitura, demorei um pouco para me situar. O autor descreve muito bem e todos os bairros têm suas especificidades e caminhos. Rios, ilhas e becos. Todas as nacionalidades com características próprias: da cor do cabelo ao vestuário, Scott Lynch não economizou imaginação. Depois que você consegue ‘entrar’ em Camorr, a leitura se torna viciante. Lamora é o personagem principal, mas meu favorito é o Jean. Um amigo para todas as horas.
            Os capítulos são divididos em subcapítulos e há também os Interlúdios que vai contando fatos anteriores ao momento atual. Tem momentos que você quer pular essas partes porque o capítulo tá pegando fogo e daí termina e entra um interlúdio...quero matar esse escritor. Mas aí não pulem! Geralmente vai te explicar algo que não tá encaixando no capítulo...muito bom!!

            Uma fantasia como não via fazia tempo hein...uma história muito, muito boa!
            E continua! Mares de Sangue foi lançado em outubro.

            Leiam! Conheçam os Nobres Vigaristas!

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