[Resenha de Tinta] Eu sou um gato

Título Original: Wagahai wa neko de aru
Autor: Natsume Soseki
Tradução: Jefferson José
Número de Páginas: 486
Editora: Estação Liberdade
ISBN: 9788574481388
Ano: 2008
Nota: 9/10

Sinopse: As opiniões de um gato a respeito de seu dono, da vida e dos relacionamentos humanos na sociedade japonesa do início do século XX. — Os humanos têm quatro patas, mas se dão ao luxo de utilizar apenas duas. Poderiam andar mais depressa se usassem todas, mas se contentam apenas com um par, deixando as restantes estupidamente penduradas como bacalhaus postos a secar.

OBS: Para quem leu essa resenha em Janeiro, me desculpe tive que des-publicar porque no Desafio Literário só se pode publicar a resenha no mês correto. Vivi, eu li em Janeiro de 2013 ok? 

Resenha: 

'Eu sou um gato. Ainda não tenho nome.'

       O início do século XX no Japão não parece tão diferente do atual. Não que eu saiba muito sobre o Japão, não mesmo. Eu nem sei o que é um haori, uma hakama ou mesmo o jogo Go!!!

[Pausa explicativa: Haori é um kimono mais curto; Hakama é uma saia-calça plissada usada por homens e por mulheres; e Go é aquele jogo de tabuleiro com as pedrinhas pretas e brancas.]

        O livro foi publicado originalmente em uma revista, como artigos. Por isso cada capítulo é quase solto. Eu digo 'quase' porque há uma coerência, mas fora a vida chata e monótona do professor dono do gato (e também alter ego do autor) não tínhamos muita coisa acontecendo. O fato mais notório do livro é a trama para o casamento de um dos amigos do Professor. Sobre os amigos do Professor, é um mais doido que o outro o.O Não vou descrevê-los aqui, mas se posso dizer que o livro retrata a sociedade, os acadêmicos eram vistos como vagabundos e os homens de negócio como ladrões desprezíveis. E a polícia serve para alguma coisa de vez em quando.  

        Ainda não falei muito do Gato. Bem, ele não tem nome e é o nosso narrador. A forma como ele vê o mundo é peculiar rsrsrs Muitos comentários ácidos  e julgamento dos humanos. A cena em que ele entra em uma casa de banhos é inenarrável. Ainda assim, minha cena favorita é ele caçando ratos. A análise tática que ele faz é incrível. E bastante divertida. 

        O livro todo é engraçado e com muitas críticas à sociedade japonesa. A guerra cultural Ocidente X Oriente é claramente absurda, a forma como eles vêem certos costumes nossos, principalmente a culinária demonstra que sabemos tanto deles, quanto eles de nós.  E descobri que não somos apenas nós que sofremos com multi-religiosidade. Temos uma igreja em cada esquina, todas pelo mesmo Deus e cada uma com sua doutrina. Lá eles têm isso com o Budismo. Sério, o que teve de citação de mestre Zen-budista disso e daquilo! O equivalente a dizer aqui 'Igreja da Bola de Neve' é diferente da 'Comunidade Cristã Cidade de Refúgio' lá eles tem a doutrina desse ou daquele mestre.

          Essa resenha é para o Desafio Literário 2013 do Mês de Março - Animais protagonistas e [como estou com medo de não dar conta de tantos livros], também para o Desafio Realmente Desafiante Item 18 - Ler um livro com a capa com letras amarelas. E porque estou em muitos desafios, também para o DL da Sombra do Vento mês de Dezembro 'Autor Internacional (menos americano ou britânico)'

Esse livro foi cortesia do Grupo Livro Viajante, do Skoob