[Clássicos de Tinta] Por Que Almocei Meu Pai




Autor: Roy Lewis
Tradutor(a): Celso Nogueira
Número de páginas: 155
Editora: Companhia das Letras
Ano: 1993
ISBN:9788571643277
Nota: 4/5

Sinopse: "Nunca acreditei na versão do Gênesis - Adão, Eva e a maçã -, e então decidi reescrever a evolução a meu modo. Acho que não fiquei muito longe da verdade. Tudo está escorado sobre sólidas bases científicas." É assim que o jornalista e sociólogo Roy Lewis explica por que escreveu este divertido romance sobre o homem das cavernas. Cult book na Inglaterra na década de 1960, Por que almocei meu pai viu seu número de admiradores ir crescendo aos poucos, até ser redescoberto na França e estourar recentemente como best-seller na Itália, onde vendeu mais de 150 000 exemplares."


Resenha:

Quando peguei esse livro para ler, possuía uma imagem completamente equivocada a seu respeito. Não que ela fosse pior, ou melhor: apenas diferente.
Eu estava ciente que era um livro de comédia, apesar de se apoiar em dados cientificos, mas não achava que a coisa seria tão profunda: esse livro me lembra O Guia Do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams!!
(Acho que somente este comentário já diz muito a respeito do livro, e espero que os não-fãs de Douglas Adams não deixem de ler essa obra.)
O livro inteiro é narrado em primeira pessoa, pelo personagem Ernest, filho mais velho do líder do bando de subumanos, como eles mesmos se chamam. A narrativa começa explicando como é a vida no Pleistoceno, e todos os perigos e dificuldades pelas quais esses novos humanos estão passando.
Conforme a narrativa segue, é mostrada a evolução do grupo: é descoberto o fogo, o fortalecimento das pontas de sílex das lanças, a descoberta do ‘churrasco’ e assim por diante.
Uma coisa que chama bastante a atenção – e é um dos pontos mais cômicos da obra - é a complexidade dos diálogos entre eles e a constante consciência de que eles precisam se esforçar pra evoluir e dar origem à espécie humana.

                        [...] -O segredo da indústria moderna está na utilização inteligente dos subprodutos – pontificava, franzindo a testa. Depois se abaixava de surpresa, agarrava uma criança que engatinhava, beijava-a estrepitosamente e gritava para minhas irmãs: - Quando é que vocês vão entender que aos dois anos todos já devem andar? Afirmo que precisamos reverter a tendência instintiva de voltar à locomoção quadrúpede. Caso contrário, todo o nosso esforço se perderá! Cérebro, mãos, tudo! Começamos a caminhar eretos no Miocenom e se acreditam que permitirei que um punhado de moças preguiçosas destruam o esforço de milhões de anos de progresso, estão muito enganadas. [...]

            A construção dos indivíduos da horda é bem diferenciada: há o Papai, chefe da horda e gênio inventivo; três viúvas lamentosas; Mamãe, que possui a típica imagem materna e apaziguadora; Tio Vanya, que seria a contraparte de Papai, personagem que esbraveja sobre a antinaturalidade da evolução; os irmãos e irmãs de Ernest e futuramente, as esposas dos mesmos.

                        [...] -, quando eu a cacei, vc deliberadamente correu com todas as forças, atravessando pântanos e rios, e a mata impenetrável, escalando e descendo montranhas como se fosse um cruzamento de pato com avestruz e cabra..
                        - Querido, mas que maneira tão meiga de me descrever!

O desenrolar da história acaba sendo completamente diferente do que você pode pensar a princípio – pelo menos foi desse jeito pra mim. -, e o título só é compreendido bem no finzinho do livro.
Sei que a maioria pode não gostar, principalmente pela sátira envolvida. Mas eu adorei! De uma maneira geral, o livro inteiro possui uma escrita direta, divertida e inteligente, fazendo troça ao mesmo tempo que expõe fatos. Gostaria de dizer mais, mas como ele é curto e cada página é recheada de informações, tenho medo de me estender demais e acabar entregando o livro todo pra vocês!
Então, se algum dia você acordar sentindo vontade de uma leitura mais cult, mas que seja leve, super recomendo esse livro!




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